Cansei.
E eis que após uma noitada daquelas, com direito a finais que vc não imaginava, decido que é hora de parar. Sim, parar talvez não seja a palavra certa, mas dar um tempo indeterminado a esse abuso com minha mente já encharcada e abalada após tantas porradas que leva nessas noites que me esgueiro atrás de sei lá o quê.
E então, tento, sim, vou tentar ficar sóbrio por algum tempo so pra ver como vai ser, dizer não aos mafús de fim de tarde, não aos encontros no Manel, não as milongas mais que aparecem em bares e me deixam como que ligado na tomada e também não ao meu eu pervertido que surge nesse ínterim. Claro que isso pode ser apenas papo de ressaca (que até queria que tb tivesse um cunho moral, mas nem tem, e isso é o pior) já que não durmo há 24 horas ou mais e os dentes doem, e a cabeça doe e tento me manter apresentável nessa recepção, ou melhor, portaria e é exatamente como minha colega louca de trabalho disse: somos "porteiros de luxo", um que fala inglês e a outra francês. Sem esse papo de "recepcionista", porteiro é uma palavra bem melhor e descreve bem o trabalho repetitivo e ficando aqui em pé, sentindo a dor aumentar e os olhos arderem, apenas conto os dias que faltam pra eu zarpar daqui e a manhã de hoje invade minha cabeça, um maldito dejá vu... cruzando a cidade a mil sobre duas rodas com a cabeça zonza de tanto álcool, o sol nascendo no meu retrovisor e sentindo o peito, de novo, estraçalhado.
Chega.
(Pelo menos por enquanto.)