O quarto de dentro.
O caminho de volta é sempre o mesmo. As mesmas esquinas, paradas, bares, tipos e o mesmo movimento louco que movimenta o tráfego dos dias. Me esgueiro entre os carros com a mesma displicência que me esgueiro pelas horas, sem mais olhadelas furtivas, claro, não há mais lugar para elas, não mais fazem sentido. Desconfio que uma mistura instável de sorte e técnica me impede de esborrachar o corpo no asfalto e dia a dia sigo o rumo. Sempre o mesmo.
Já em casa, o gato me recepciona do seu jeito de gato, afinal, ele é um e repito o que pra mim pode ser divertido e pra ele uma tortura. O coloco no braço e travo uma conversa sem nexo com o bichano. Miados pra lá. Só pra lá, ele se recusa a miar de volta, apenas me olha e baixa os olhos uma vez ou outra enquanto acaracio sua cabeça. Largado no chão, ele segue meus passos até meu quarto, passeia pelas minhas pernas, desfia a cama e se manda. Olho ao redor e sinto algo que poderia vir a ser uma leve naúsea espacial. Não há espaços vazios. Em cada canto há algo que não deveria estar lá e esse padrão vai se repetindo por todo lado, acumulando-se, objetos sobre objetos, uma interminável repetição, empilhada, coisa após coisa, até culminar na minha saída. Não consigo passar muito tempo lá. "isso merce uma certa arrumação" penso enquanto pergunto à Cara de rato se ela tem algum mafú. Velho, esquentado na frigideira, mas tem. E lá vou eu escadas acima.
Observo as formas brancas que dançam na minha mão, entre meus dedos, acima dela e atráves da deformidade etérea a qual elas se entregam. Não penso em nada, a mente solta e presa ali; e calmamente vou ficando menos tenso, sentindo a lentidão do leve frio ao redor me acolher.
E decido vir aqui, sim, aqui, o meu velho blog que não tenho dado atenção nenhuma nos últimos tempos e vejo a porta de entrada que ignoro.
Interiores, sim, interiores. Melhor começar pelo quarto.
Já em casa, o gato me recepciona do seu jeito de gato, afinal, ele é um e repito o que pra mim pode ser divertido e pra ele uma tortura. O coloco no braço e travo uma conversa sem nexo com o bichano. Miados pra lá. Só pra lá, ele se recusa a miar de volta, apenas me olha e baixa os olhos uma vez ou outra enquanto acaracio sua cabeça. Largado no chão, ele segue meus passos até meu quarto, passeia pelas minhas pernas, desfia a cama e se manda. Olho ao redor e sinto algo que poderia vir a ser uma leve naúsea espacial. Não há espaços vazios. Em cada canto há algo que não deveria estar lá e esse padrão vai se repetindo por todo lado, acumulando-se, objetos sobre objetos, uma interminável repetição, empilhada, coisa após coisa, até culminar na minha saída. Não consigo passar muito tempo lá. "isso merce uma certa arrumação" penso enquanto pergunto à Cara de rato se ela tem algum mafú. Velho, esquentado na frigideira, mas tem. E lá vou eu escadas acima.
Observo as formas brancas que dançam na minha mão, entre meus dedos, acima dela e atráves da deformidade etérea a qual elas se entregam. Não penso em nada, a mente solta e presa ali; e calmamente vou ficando menos tenso, sentindo a lentidão do leve frio ao redor me acolher.
E decido vir aqui, sim, aqui, o meu velho blog que não tenho dado atenção nenhuma nos últimos tempos e vejo a porta de entrada que ignoro.
Interiores, sim, interiores. Melhor começar pelo quarto.