quarta-feira, abril 27, 2005

A Grande Mentira.

Em uma mão um cigarro, na outra uma garrafa de vinho tinto barato quase vazia e entre suas pernas ele, mais uma vez ele, inebriado com os beijos, o gosto, o cheiro nostálgico daquela pele macia; uma volúpia sem culpa, sem ressentimento, sem compromisso, sem porquês, sem nada além da vontade de acompanhar a respiração dela, de sentir o gosto salgado do seu suor, de deixar fluir toda sua vontade de possuí-la... gostou de ver quando ela jogou a cabeça pra trás e ele pôde ver a bela forma do queixo, do pescoço que o impelia a ir ao seu encontro... e na sua cabeça, sempre presente, estava o pensameto que tão ruim quanto o desejo não realizado é a consciência que esse momento de realização inevitavelmente chegará ao fim.
Sim, sim, cada cheiro, cada toque, cada momento saboreado com ânsia de que no futuro ele pudesse sentir pelo menos as impressões das sensações aproveitadas naquele momento.
No fim, uma despedida displicente como deveria ser. Como ambos queriam que fosse. Nas suas mãos, o cheiro de cigarro, de vinho, o dela. Mistura que o fazia perceber que sua razão nunca iria sobrepujar suas emoções.
P.S: sei, sei, um pouco piegas, admito. Mas achei isso numa gaveta e resolvi publicar.
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