quinta-feira, fevereiro 02, 2012

Primeiro dia.

Subi na moto e me joguei nas ruas, sem rumo, sem saco, querendo estar em movimento pra por a cabeça no lugar, apenas seguindo a direção que estivesse menos engarrafada, indo, indo e pensando no que devo fazer e em como fazer e em como se sincero comigo mesmo, como alguém mesmo disse aqui nesse blog. Era mais de sete e meia e o trânsito ainda estava pesado, sei que deveria ter esperado mais um pouco, mas o tédio e o sentimento de inércia batia forte depois de passar o dia inteiro em casa em meio a leituras que espero que me levem a algum lugar. Então saí, fazia uma semana que não pilotava. O vento frio no meu rosto no capacete aberto me relaxava, apesar de o medo de cair de cara no chão e ter um afundamento maxilar estar sempre detrás da minha orelha, o que é bom, pois me mantém alerta com o trânsito pra evitar qualquer merda.

Quando menos percebi me vi em rotas que faço com frequência,o cérebro funcionando no automático e me pondo direção ao Benfica e tratei de pegar a primeira rua a direita que eu não soubesse onde iria acabar. É como estar jogando Age of Empires e sair desbravando as partes pretas do mapa ainda não descobertas. Só que toda vez que faço isso, meu passeio acabar em uma meia volta, já que as ruas vão afunilando e se tornando becos estreitos com caras estranhos sentados nas calçadas olhando pra mim e sempre acabo diminuindo a velocidade e voltando, o que não deixa de assustar as pessoas nas ruas. Nessa brincadeira me vi passeando em frente ao velho aeroporto pinto martins e seguindo uma rua que se perdia praquelas bandas e acabei por descobrir o final da linha do ônibus do Vila união - é, que grande descoberta -, uma lagoa, a do Opaia, mais becos estranhos e até mesmo uma rua apenas com galpões e que simplesmente acabava em um barranco e lá em baixo, o trilho.


Passei por muitas avenidas e ruas, ruas secundárias formadas apenas por muros altos e portões fechados, ruas nas quais não gostaria de transitar a pé em qualquer horário do dia, a não ser que eu estivesse fazendo uma conexão com Jah e não quisesse ser interrompido por olhares curiosos/assustados; ruas essas com casa grandes e bonitas e cheias de pessoas apreensivas que se trancam em seus pequenos palacetes para fugir da possível loucura das ruas e acabam por alimentar essa mesma loucura que prendem em casa; deixam as ruas mais perigosas com seus portões de alumínio e cercas eletrificadas, tudo fechado, nenhum contato com o exterior e assim isolando cada vez mais o lado de fora, o outro. Se eu tivesse algum prego por ali, ou se simplesmente quisesse um copo d'água, estaria fudido.

Rodei e rodei e quando menos percebi estava novamente na 13 de maio fazendo o mesmo percurso que faço a sei lá quanto tempo, passando pela ufc e vendo os placas sendo tangidos pela polícia para o estádio de um lado da avenida e do outro um casal brincando de pegar um na bunda do outro.

e apesar de todo o passeio, 30km no total, não consegui por os pensamentos no lugar e acabar com essas dúvidas que me assolam.





|