segunda-feira, maio 16, 2005

A Última Viagem

Estava sentado na última cadeira do ônibus, so ele e ninguém mais, apenas um cobrador puto com tudo, mas isso pra ele era apenas cenário também.
Sentou e olhou pela janela. Não era um caminho comum, nunca havia visto aquelas ruas antes e sentia que nunca mais iria vê-las; não achava qeu aquilo fosse dar em lugar algum, quase como um sonho. Não estava bem ao certo onde ia descer, o papel com as coordenadas já estava bem rasgado e manchado, velho e amarelado devido a sua longa permanência no fundo inacessível de uma gaveta cheia de nada.

Quanto mais imagens refletiam na janela do ônibus, mais ele se tornava apático. A proximidade de algo que há tanto estava sendo adiado congelava seu peito. A vista da placa luminosa que indicava que sua jornada estava próxima do fim o atingiu em cheio, sentiu que ultrapassara o limite e não poderia voltar. Oh não, garoto, agora já foi, pensou com si mesmo e puxou a cordinha.

Desceu, seguiu duas quadras adiantes, virou a esquerda e parou em frente a uma casa verde, justamente como o papel em suas mãos ordenava. Pulou o pequeno muro que cercava a casa e caminhou pra uma luz que saia de uma janela no fim do corredor lateral.
Se esgueirou roçando em plantas molhadas e aspéras pelo estreito corredor ao lado até chegar próximo a luz que fracamente fugia por uma janelinha com seus braços de vidro deitados, dividindo a fraca luz em dois feixes que permitiam a ver a fumaça que junto saia pela janela. Era um cheiro forte, como se algo estivesse sendo queimado. Sentiu uma súbita vontade de mijar.

Colocou o pau pra fora pra mijar. Não conseguiu. Era como se seu pau não tivesse mais a abertura da uretra; forçou e máximo que conseguiu foi sentir sua glande inchar e doer. Sangrou. Guardou o pau e tentou olhar pela janela, mas quando esticou a não para segurar na parede e subir para alcançar a janela, percebeu que seus dedos não estavam mais sobre o seu controle. Estavam duros, alguns não conseguia dobrar e outros não conseguia esticar, sentiu coimo se seus tendões endurecessem.Depois o braço tod estava duro e era como se o ar estivesse pressionando seus braços, como se tentasse esmagá-los Sentiu seu rosto ficar mais mole, quente, como se escorresse algum liquido pelo seu rosto, brotando dos poros da sua pele. Enxugou a testa com as costas das mãos. Seus olhos arderam como se estivessem em chamas quando tentou fechá-los quando o brilho da luz aumentou.

Caiu em posição fetal e o sangue jorrou pela sua boca, nariz, por todos seus orifícios. Suas calças ficaram completamente meladas de sangue e merda. Morreu sem saber porquê. E eu também.
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