quinta-feira, março 01, 2012

News from Nowhere.

Bem, não tem ninguém para conversar nessa noite. Eu ainda aqui sentado, do mesmo jeito de antes, no escuro, mas com outro som e destilando outras expectativas. O sopro grave no meu ouvindo inunda minha cabeça só pra dar lugar ao agudo do piano, aqui em baixo os dedos vão se agitando, tentando ser independentes dos olhos, cabeça - dedos, sem atravessadores e o processo se torna lento quando tento racionalizar, criar uma técnica para para melhorar o processo, mas algumas coisas não carecem de técnica, pois abundam em feeling. Muitas vezes serve na música, mas na vida às vezes fode.

Lembro de quando subi no ônibus a procura da minha cadeira, número 7, bem na frente, segunda fileira, do jeito que não gosto. Uma mulher gorda no corredor e uma jovem senhora com um bebê nos braços. As duas se olham e dizem "a minha é a 8", penso tudo bem, eu só preciso da minha 7. Elas fazem um certo alvoroço para se levantar e digo que não precisa daquilo, "deixa o motorista vir", e a gorda me chama dizendo "meu filho olha aqui pra mim" e vejo lá circulado do lado esquerdo da passagem o número 16 e ela diz "vixi, me disseram que era o 8" e se levanta num movimento sem nenhuma harmonia e vai indo lá pra trás enquanto a moça com a criança se mexe pra passar pra cadeira corredor.

Eu a deixaria ter a cadeira da janela, mas ela logo se mexeu, meio como quem sabe que não deveria estar ali e tudo bem, a vista me agrada e ela já estava quase toda na outra cadeira e a criança ainda dormia e tudo bem, vou me esgueirando, eu e mochila entre a cadeira e eles, pensando que devia ter pego a passagem da cadeira 16 e ter ido lá pra trás. Aquela criança dormia, mas nada me garantia que aquilo se estenderia pelas próximas 5 horas.

Para minha doce supresa o menino capotou por quase todo o percurso. Só se mexia aqui e acolá, resmungava, o que fazia sua mãe lhe dar o peito pra mamar. E ficavam os dois ali, a mulher cochilando enquanto ouvia o barulho de boca chupando peito, o tipo som que faria o Satanás achar tortura. e foi só.


|