quarta-feira, julho 18, 2012

Não pensei nisso.


Assim como meu gato, gosto de observar a noite. Tudo quieto, penumbra sobre o cimento marcado da estação, cinza e frio, vivo mesmo apenas as luzes mornas e amarelas de cada poste, um brilho resignado e fraco. Ele também vê tudo isso e muito mais e quando me vê volta em passos mansos e olhar tenso como se visse o que se passa em minha cabeça. Penso em discussões banais por motivos irracionais, me irrito com isso, deixo de lado minhas próprias nóias - algumas ainda escapam quando sei que não devem e acho mesmo que as deixo passar para ver se o resultante será outro mas não, não é - e tento não dar importância, planar sobre as preocupações de maneira que elas não me atingirão e tudo terá o fim que deveria ter ou que acaba sendo pelo próprio desenrolar dos fatos.

Me sobram ideias e me falta vergonha na cara para pô-las em prática, ah se falta, me esgueiro como tantas outras vezes pelos dias na minha maldita e eterna incapacidade de me obedecer. Posso acabar me fudendo por causa disso. Na verdade, acho isso consequência inevitável à medida que os dias passam em corrente, todos eles acenando, debochando dos meus esforços ao tentar acompanhá-los.

Pareço ter perdido o ritmo. Sim, perdi.
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