quarta-feira, agosto 08, 2012

Topada.

E começaram as aulas. Lá estou, eu, barba feita, roupa passada, parado na frente dos alunos fazendo aquilo que tem que ser feito. Finjo, continuo fingindo; fingindo que estou bem, fingindo que estou no caminho certo, fingindo. Bem, acho que sou bom nisso, venho fazendo a certo tempo e ninguém parece perceber.

As mesmas alunas me encaram, gosto das caras conhecidas, o tempo passa mais rápido. Só fica um pouco difícil andar prum lado e pro outro com um pedaço do dedão faltando e encostando dentro do tênis. Dor, Dor, Dor. Dor física é incômoda, mas sempre, certa hora, meio que adormece e você  esquece da ferida. Bom, pelo menos isso. Mas tudo bem, uso o calcanhar e passeio pela sala já que não posso ficar parado e andar ajuda, mesmo esse movimento restrito, passos curtos dentro da sala me ajudam. Mas quando escuto o curto silêncio da sala enquanto os alunos escrevem ou simplesmente pensam no que vão dizer, sinto a pontada. Não mais o dedo, mas sim por dentro, dentro da cabeça, dentro do peito. Sinto e continuo fingindo que não sinto. Quem sabe uma hora eu  consigo enganar até eu mesmo.
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