domingo, março 13, 2005

Coisas Estranhas

Tosse, dor de cabeça e catarro, a clássica gripe que todos já tiveram pelo menos uma vez na vida. Sabe como é, nem é tão ruim assim, o catarro chega até a ser divertido. É sempre bom sentir algo se desprendendo de você. Você faz aquele esforço, sente aquela coisa saindo do seu peito e o gosto salgado chegando na boa e depois vêm a bela e distante cuspida. É uma maravilha! comparo esse pequeno prazer ao mesmo de apertar um cravo, espinha ou um furúnculo. E a febre, nesses dias de calor infernal, chaga a ser quase uma benção ter aquele friozinho que a vêm junto com a febre. O que fode mesmo é a dor de cabeça, isso sim é chato. Sem falar na dor que se espalha pelo corpo.
E a dor no corpo tava foda, tão foda que não conseguia levantar da cama, ficava lá feito um vegetal, deitado e olhando pro teto esperando as dores passarem. Esperei tanto que fiquei de saco cheio e acabei rastejando até a cozinha pra procurar algum comprimido pra aliviar a situação, já que a dor de cabea me impedia de puxar o catarro e a febre tava roubando todas as minhas forças. Tomei a porra de um comprimido de mais de um centímentro e sentei. Sentei e baixei a cabça na mesa.
De repente, tudo ficou estranho, começando pelo meu estomâgo. Todo cheiro me dava ânsia de vômito... levantei pra beber um pouco d'água e vi qeu o negócio tava pior que eu imaginava. Esqueci a água e caminhei pra sala. No caminho, minha visão começou a ficar clara demais, como se alguém tivesse mexido no contraste dentro da minha cabeça. "Uouou" pensei, "vou desmaiar" e desabei a mais ou menos um metro do sofá. E comecei: "mãe, estou passando mal" claro que não recebi nenhuma resposta, fazia três dias que essa era a única frase que eu dizia.
O mal estar tava mais forte do qeu nunca e comecei a sentir meus braços e pernas dormentes, formigando como nunca. Depois foi ficando mais forte, como se o ar estivesse pressionando meus braços. Ai foi que veio a parte realmente estranha.
De repente, meus dedos começaram a ficar duros, isso mesmo, duros como pedras. Duros e tortos, e eu não conseguia mexer. Foi aumentando e eu não conseguia mais mexer nem dedos, nem punhos, nem braços. Então estava eu lá, largado no sofá, suando como um porco por todos os poros do meu corpo, com poças d'ádua ao redor dor meus pés e os braços duros e dedos tortos e também duros. Pensei "puta que pariu, não vou mais tocar baixo na minha vida se essa merda continuar. Na verdade, se essa merda continuar eu não vou mais fazer um monte de coisa no resto da minha vida. Se é que vai ter resto."
Minha mãe apareceu e ficou preocupada ( claro!) e meu pai apenas dizia "isso é besteira, joga ele debaixo do chuveiro que passa" e eu continuava com as mãos tortas e duras. Parecia um desses caras que vivem toda a vida em uma cadeira de rodas e não conseguem articular uma palavra sem sair meio "ããã...êÊÊuuu..kerûÛûû...". Achei que tinha me fodido de vez.
Depois de ter começado a acreditar que ia ter que passar o resto da minha vida sendo alimentado por terceiros, já que não conseguia nem levar a mão no rosto pra tirar o cabelo da cara, o formigamento que tinha vindo junto com a rigidez começou a passar. Foi passando, passando, até que readquiri o controle sobre meus dedos. Conseguia até dar um cotoco se eu quisesse. E devia ter dado um no fim do dia.
Mais tarde no mesmo dia fui ao médico. Tive vontade de ser um cachorro. Tenho certeza que os veterinários tratam seu pacientes bem melhor que esses filhos da puta viciados em antidepressivos. O filho da mãe não disse nada, nada de relevante e saiu da sala do jeito que entrou, com as mãos tremendo.
Pois é, devia ter dado um cotoco. Só pra provar que eu estava bem, já que ele não perguntou.
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Um soco no estômago.

Foi como um soco no estômago. Um belo, preciso e forte soco no estômago que me deixou completamente sem ação. Entrei naquela maldita biblioteca de merda, querendo, quer dizer, acho que nem queria encontrar muito ela, pos sabia que se encontrasse, ela não ia estar sozinha.

Fui entrando, entrando e quando achei que ia sair dali sem achar nada e ter que procurar ela em outro lugar, acabei avistando no fundo daquela sala repleta de estantes, lá no canto estava ela sentada de costas pra mim, sentada em uma cadeira preta, de frebnte pra uma cara e com as pernas entre as pernas dele. Pra ser bem preciso, o joelho esquerdo dela tava bem próximo do saco dele. Uma visão nada agradável, já que ela era minha namorada.

Apesar de não ser lá uma cena muito comprometedora, isso é, um pouco até, já que ela tinha me dito que tinha que ir pra casa correndo após a aula, e por isso, não podia me esperar. Cheguei perto dos dois com uma espécie de bola engasgada na garganta, uma bola que havia sido o resultado de toda a raiva, medo, vergonha, frustração, e principalmente da certeza que aquilo não era uma simples análise de texto em grupo.

Gaguejei algumas palavras que devem ter sido equivalente a "vamo lá fora", sem nunca olhar pra frente, devido a vergonha que sentia no momento. O meu peito parecia que ia explodir, havia algo pesado bem no meio dele pronto pra se partir e doer como eu nunca havia sentido. Saímos, eu e ela. E o carinha não sei que fim levou . Deve ter fica do lá, provavelmente rindo da cara do otário aqui.
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aaaaaaaaaa
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