terça-feira, maio 10, 2011

Como um calango.

Me senti um calango com o humor determinado pelo clima. Lesado, preso à cama, querendo permancer no sonhar apesar de ter sonhos pertubadores, protelando o que devo fazer, arrastando meus pensamentos entre desejos e lembranças, vontadas e deveres, viagens e dores nas costas de tanto forçar a permanência na cama. Às dez finalmente consigo reunir a força necessária pra me levantar e pulo (literalmente) da cama pra ver se pego no tranco e deixo meu peso me levar escada abaixo, sem pensar nas aulas perdidas. Paro em frente à TV munido de um pacote de biscoito de chocolate e olhos ardendo e me deixo hipnotizar, a mente longe, longe mesmo... não demora muito, quer dizer, horas depois de ver um filme sem graça enquanto almoço, volto pra cama e me deixo levar novamente pela chuva que lá fora cai.

Depois encaro a chuva com a resignação necessária pra manter meu salário e chego no trabalho duas horas e meia antes, com planos de ler, aproveitar o silêncio das salas e me perder entre palavras ao invés de me deixar levar pela preguiça da minha cama. Contudo, mas o que consigo é ficar sentado no fim do corredor sentindo o vento frio e olhando pro tempo, aquela parede cinza e sem graça. E mais ou menos ai esse sentimento apático aparece e se instala Depois de tanto tempo isso vem e como algo pegajoso fica, me acompanha, me deixando lento, lento, lento, e mais uma vez, aqui, pra ver se isso passa, e deixo Neil young e Portishead tocando enquanto escrevo e aos poucos, bem aos poucos, isso vai se diluindo, se tornando menos pegajoso e começo a percerber a porra do tempo que perdi hoje.

Bem, amanhã tem mais. Tempo, eu espero.
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quinta-feira, maio 05, 2011

it's your call

A chuva arrasa meu humor pela manhã: é difícil enfrentar o dia com os pés encharcados. Tento fazer tudo como deve ser feito, aulas, observação de aulas, planos de aula, papelada pós-aula, paciência com aluno chato durante aula, e finalmente, chegar e casa vivo depois de encarar o trânsito.

E no meio da rotina, desse dia-a-dia lento e transitório, tento manter a chama dos meus sonhos acessa, jogar "lenha na fornalha das minhas I-LU-sões" (palavras do Cabelo frescando no bosque), vontades loucas que pareço não estar fazendo o necessário para atingí-las. O peso da incompetência ronda meus ombros como um vulture, essa constante sombra, rondando e rondando e rondando e me deixando ansioso. Textos para ler. Artigos para escrever. Projetos para rescrever. E durante tudo isso a única vontade que tenho é de fugir pra dentro da garrafa. Cerveja, de preferência.

E espero a grana sair e não sai, demora e fico liso, andando de ponto morto pra ecomizar quaisquer mililítros de gasolina possíveis, ligando pro banco e ouvindo uma gravação me arrasar sempre com as mesmas palavras robóticas "seu saldo é UM centavo..." e por um lado é até bom que assim seja hoje, caso fosse contrário eu não estaria aqui e sim eu uma mesa de bar enxugando copos e mais copos e mais copos até adormecer o espírito e voltar pra casa, mas uma vez, na mesma.
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