10 por cento.
E tudo que eu queria era dar uma cagada. Tudo bem, o local não era o mais apropriado: Paladar - um dos poucos bares que estão abertos às 2 da manhã de uma terça -feira, um bar com posters de rock espalhados pela parede mas que só toca pagode e serve uma famigerada mão de vaca que ainda não tive a chance de provar. Pensando melhor nesse bar, a última vez que estive lá sai sem pagar e na anterior perdi um emprego... bem, é um bar de altos e baixos - mas essas vontades sempre aparecem nas horas mais impróprias e tudo que eu precisava era uma privada.
O primeiro sinal veio na mesa enquanto ouvia pessoas discutirem sobre as diferenças entre homens e mulheres, o pior papo pra se levar numa mesa de bar quando você já está cansado de beber e principalmente desse papo e tá apenas afim de tomar água... ai veio a primeira pontada e enquando eu contraia os músculos pra mater a merda onde ela deveria ficar - pelo menos por enquanto - reconstrui mentalmente a imagem do banheiro daquele lugar: dois mictórios e uma privada - privada! - mas desconfiava que não havia nem papel nem porta nenhuma separando eles. Era um detalhe que minha memória deixava escapar.
Sem perder as esperanças levantei e fui até o banheiro tirar a dúvida. Nenhuma porta. Nem papel higiênico. Merda, o que fazer? Sai do banheiro e olhei ao redor. Poucas pessoas, uma pia, um espelho, tolha de papel para o rosto e a porta do banheiro femino a três passos. Não pensei duas vezes: soquei algumas folhas no bolso e entrei no banheiro feminino, trancando a porta atrás de mim. Não deu nem tempo de suspirar aliviado e deixar a natureza seguir seu curso, ouço logo batidas fortes na porta. Não tive opção.
Ao abrir a porta vejo um garçom enfurecido com o dono do bar no balcão ao fundo dando suporte. Ele me diz "o banheiro masculino é ali" e eu digo "quero cagar e não tem porta" e ele repete "o banheiro masculino é ali" e digo "mas quero cagar e não tem porta" e ele diz que não é problema dele e pergunto se não há outro banheiro ali que eu possa usar, o banheiro deles e ele diz que não e fico puto com aqueole filho da puta que nega um lugar prum bêbado cagar na madrugada e digo que me recuso a cagar ali, com qualquer um olhando - até pondero a possibilidade de uma cagada relâmpago, que logo sai de cogitação - e pergunto a ele: "se tu quiser cagar, tu caga onde? e ele não me responde merda nenhuma e continuo perguntando se ele acharia legal cagar na frente de estranhos bêbados e tudo isso com um tom agressivo e enxamista. O filho da mãe continua sem me responder e outro garçom ainda ri. Tudo bem, tiro o papel do bolso, jogo no lixo volto pra mesa já sem vontade de cagar.
Pouco depois o garçom volta a mesa e abre uma cerveja que espirra molhando boa parte da galera e principalmente o Mike que já não estava nos seus melhores humores. "não vou nem olhar", ele diz, e realmente nem olha pro garçom pra evitar qualquer coisa a mais e foi bo que ele tenha feito isso, já que depois de pegar um tenente do exército bêbado e armado pela garganta você se sente pronto pra tudo. Por sorte, não me molhei e continuei sentado, esperando a noite passar. Depois de alguns minutos observando e rindo da novela que se desenrolava na mesa vizinha - uma garota meio gorda haiva pegado o namorado no flagra com outra e resolveu sentar na mesa pra conversar com os dois, dizendo coisas "não sei por que ele faz isso comigo, eu sou tão boa com ele" - pedimos a conta e o cara de pau do garçom ainda cobra os 10 por cento. Olho pra cara dele e pergunto se ele enão tem vergonha na cara. Além de me negar um lugar pra cagar, molha meus amigos e ainda quer gorjeta.
O primeiro sinal veio na mesa enquanto ouvia pessoas discutirem sobre as diferenças entre homens e mulheres, o pior papo pra se levar numa mesa de bar quando você já está cansado de beber e principalmente desse papo e tá apenas afim de tomar água... ai veio a primeira pontada e enquando eu contraia os músculos pra mater a merda onde ela deveria ficar - pelo menos por enquanto - reconstrui mentalmente a imagem do banheiro daquele lugar: dois mictórios e uma privada - privada! - mas desconfiava que não havia nem papel nem porta nenhuma separando eles. Era um detalhe que minha memória deixava escapar.
Sem perder as esperanças levantei e fui até o banheiro tirar a dúvida. Nenhuma porta. Nem papel higiênico. Merda, o que fazer? Sai do banheiro e olhei ao redor. Poucas pessoas, uma pia, um espelho, tolha de papel para o rosto e a porta do banheiro femino a três passos. Não pensei duas vezes: soquei algumas folhas no bolso e entrei no banheiro feminino, trancando a porta atrás de mim. Não deu nem tempo de suspirar aliviado e deixar a natureza seguir seu curso, ouço logo batidas fortes na porta. Não tive opção.
Ao abrir a porta vejo um garçom enfurecido com o dono do bar no balcão ao fundo dando suporte. Ele me diz "o banheiro masculino é ali" e eu digo "quero cagar e não tem porta" e ele repete "o banheiro masculino é ali" e digo "mas quero cagar e não tem porta" e ele diz que não é problema dele e pergunto se não há outro banheiro ali que eu possa usar, o banheiro deles e ele diz que não e fico puto com aqueole filho da puta que nega um lugar prum bêbado cagar na madrugada e digo que me recuso a cagar ali, com qualquer um olhando - até pondero a possibilidade de uma cagada relâmpago, que logo sai de cogitação - e pergunto a ele: "se tu quiser cagar, tu caga onde? e ele não me responde merda nenhuma e continuo perguntando se ele acharia legal cagar na frente de estranhos bêbados e tudo isso com um tom agressivo e enxamista. O filho da mãe continua sem me responder e outro garçom ainda ri. Tudo bem, tiro o papel do bolso, jogo no lixo volto pra mesa já sem vontade de cagar.
Pouco depois o garçom volta a mesa e abre uma cerveja que espirra molhando boa parte da galera e principalmente o Mike que já não estava nos seus melhores humores. "não vou nem olhar", ele diz, e realmente nem olha pro garçom pra evitar qualquer coisa a mais e foi bo que ele tenha feito isso, já que depois de pegar um tenente do exército bêbado e armado pela garganta você se sente pronto pra tudo. Por sorte, não me molhei e continuei sentado, esperando a noite passar. Depois de alguns minutos observando e rindo da novela que se desenrolava na mesa vizinha - uma garota meio gorda haiva pegado o namorado no flagra com outra e resolveu sentar na mesa pra conversar com os dois, dizendo coisas "não sei por que ele faz isso comigo, eu sou tão boa com ele" - pedimos a conta e o cara de pau do garçom ainda cobra os 10 por cento. Olho pra cara dele e pergunto se ele enão tem vergonha na cara. Além de me negar um lugar pra cagar, molha meus amigos e ainda quer gorjeta.
São essas coisas que me fazem querer sumir do convívio humano.