Esperta.
Atravessou todo o bairro com um andado mole, despreocupado, como se caminhasse do quarto pro banheiro. Chegou na bocada, comprou duas balinhas e se mandou. Não estava muito apressado mesmo, sentou numa parada de ônibus e fumou como se fosse mais um saído dos bolsos dos transeuntes. Ficou abobalhado com o movimento e sequência de nomes, cores, formas que passavam pela rua e tentou, maravilhado, achar o padrão que regia toda aquela loucura e se perguntando como nunca havia percebido aquilo antes. Depois de alguns minutos o mafú mostrou-se não pertencer à classe progressiva e percebeu que era só viagem. Foi no telefone público próximo. Ficou lá parado, de migué, olhando pra entrada do prédio.
Apertou alguns botões, olhou algumas bundas passantes, passou dois trotes e enquanto olhava pra baixo pensando no terceiro número, viu aqueles tornozelos passarem ao seu lado, lá perto do chão. Imediatamente largou o telefone, deu dois passos até ela e segurou-a por ambos os braços, apertando, sacudindo, olhando arregaladamente pro fundo daqueles dois poços cor de mel e disse:
- Se você percebe tudo, esperta, então porque não acaba com essa palhaçada ?
Apertou alguns botões, olhou algumas bundas passantes, passou dois trotes e enquanto olhava pra baixo pensando no terceiro número, viu aqueles tornozelos passarem ao seu lado, lá perto do chão. Imediatamente largou o telefone, deu dois passos até ela e segurou-a por ambos os braços, apertando, sacudindo, olhando arregaladamente pro fundo daqueles dois poços cor de mel e disse:
- Se você percebe tudo, esperta, então porque não acaba com essa palhaçada ?