segunda-feira, agosto 16, 2010

Restos.

Há muito tempo não se sentia daquela maneira, angústia e ansiedade tomando conta de tudo sem o deixar raciocinar direito. Tomou mais um trago da garrafa que parecia não querer acabar. Sempre achou que quando falatavam apenas três ou quatro dedos para acabar uma garrafa, o líquido parecia não baixar mais e então, de repente, aquilo sumia num último gole. E esse não chegava. Parecia bem longe: pra ele o último gole deveria culminar com o fim daquela sensação nojenta e pesada que continuava a roubar sua atenção.

Não conseguia ler, não conseguia ouvir música, não conseguia trabalhar, punhetas não ajudavam mais a relaxar a tensão, não conseguia fazer porra nenhuma a não ser se sentir mal; uma pedra de chumbo no meio do seu peito urrando para ser arrancada mas sem dar a mínima pista de como isso deveria ser feito. Encostou o gargalo na boca de deixou o líquido descer goela abaixo. Terminou a primeira garrafa e partiu para segunda.

Abriu, emborcou e deixou descer, sentindo aquele maravilhoso elixir da felicidade esquentar seu corpo e mente. Descolou a boca da garrrafa e olhou. Ainda tinha bastante vinho. Repetiu a ação, só que dessa vez tomou mais folêgo e respirou calmamente entre cada talagada, tentando ignorar o ardor do álcool. Quando baixou a garrafa o mundo parecia mais agradável, mais lento, mais fantasioso e menos, bem menos, doloroso.

ao som de "The Breaks",
The Black keys.

*fuçando entre arquivos perdidos e fotos velhas no pc, acabei achando esse texto e me prguntei porque nunca tinha publicado.
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