domingo, março 25, 2012

mais uma vez por ai, com novas pessoas amigos de amigos, bares nas quebradas da cidade, mazela, cansado, cansado, cansado de tudo mesmo meu rapaz, cansado de mim e de minhas escolhas que começo a achar que são todas erradas. A falta bate forte e não sei o que fazer, não quero brincar com os sentimentos, nem meus nem de ninguém, mas sinto a falta e ela é real, no sono perfeito que me proporcionava e sei o quanto era bom pra mim, sim, bom, muito bom e percebo realmente que nunca me deixei levar, uma teimosia que não leva a lugar algum e nunca me levará... serão apenas reflexões cansadas e bêbabas ou a pura percepção do que realmente é... aqui e a mudança de estado depende de escolhas que não estou pronto pra fazer, não mesmo, não sei, por ai sento em mesas e bebo e jogo sinuca e vejo garotas e entendo o vazio desse movimento, nada ali pra mim, nada mesmo, me sinto deslocado e encho a cabeça de cerveja pra tentar aturar a situação,vão movimento de uma cabeça desesperada, sim, perdida, perdida, perdida... acho que talvez seja hora de parar...quem sabe seja realmente a hora de dar um passo atrás e tentar... tentar, andei tentando...







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quarta-feira, março 21, 2012

Papo de Lanchonete

Sai pra lanchar um cai duro na esquina da pousada e lá estavam quatro amigos, conversando alto e rindo das próprias coisas.


- é cara, uma dose de uísque 500 reais
- eita, uma dose?
- é, e tem aquelas que o cara toca fogo
- vixi, a tal da bebida quente, né?


é, pobres garotos da Meuroca...
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Subindo a Serra.

Não foi difícil achar a pousada, apesar de eu apenas saber que se tratava da "pousada da mãe do raimundo"; bem que isso não é lá tão genérico como uma cidadezinha como Meruoca. Uma pousada simples, porém grande: três andares de corredores longos com quartos espalhados sempre à direita. Gostaria de ter ficado com um dos apartamentos da frente, varanda, vista para o mato do outro da rua, mas estavam ocupados e pedi um com janela, já que à medida que o gordinho me guiava pelos corredores tudo que eu via eram quartos pequenos e fechados, sem janelas e uma janela é essencial: um homem deve poder ver o céu de onde ele descansa, assim como deve haver uma saída de ar para a fumaça do mafú se mandar e não impregnar o prédio mais tarde. Claro, a segunda razão é que me movia.

Fui levado para o quarto 7, no terceiro andar. Duas camas, uma tv, um ventilador velho e uma janelinha no outro extremo do quarto, de frente para a porta. O tempo lá fora estava fechando. Assim que fechei a porta atrás de mim, a chuva começou a cair forte lá fora e sozinho naquele quarto senti uma melancolia se esgueirando de cada canto, dos espaços entre os azulejos no chão, das manchas velhas na mesinha, na cor creme da porta, nas toalha áspera sobre a cama, tudo era deprimente. Quando eu era criança uma amiga da minha mãe disse que nunca tinha visto uma criança com um olhar tão triste. Acho que isso foi uma espécie de quebrante, como se ela tivesse colocado uma antena em mim para captar essas vibes. Tenti não dar bola e fui tomar um banho.

Esperava deixar a porta aberta para poder ouvir som enquanto tomava banho, mas não era possível sentar no vaso e manter a porta aberta, problemas espaciais. Foi ai que percebi que a minha escolha de almoço mais cedo não fora muito acertada. Devia ter ido pro bar da frente da rodoviária, mas os gritos de uma mulher bêbada com uns caras barrigudos, barbudos e sujos que estavam lá sentados me fez questionar a qualidade da comida do local. Enfim, agora já era, tinha que enfrentar as pontadas na barriga. Terminado o serviço sujo, hora de lavar o corpo. Box minúsculo, com um chuveiro cheio de fios enrolados com fita isolante. Só conseguia pensar nos chuveiros de guaramiranga e meu medo de morrer eletrocutado por causa dessas porras. Na minha lista de mortes estúpidas, morrer eletrocutado por um chuveiro elétrico está lá em cima. Nem tentei mexer, apenas liguei a água e ela começou a cair, fraca e morna a princípio, um fluxo quase gotejante e foi ficando mais quente e quente, e porra, tava quente demais e eu muito receioso pra encostar naquele chuveiro e mudar pra água fria; entrava e saía debaixo da água e cada vez não era suficiente pra me molhar e me ensaboar e fiquei nessa merda de joguinho tempo o suficiente pra perceber que esse banho não ia dar certo. Estiquei a mão e mudei a chave, ainda achando que poderia ser o último movimento da minha vida. Tantas coisas a serem feitas, tantas coisas a serem ditas e eu morto, nu, debaixo de um chuveiro em um banheiro minúsculo na Meruoca.

Bem, não foi assim, a água esfriou e terminei meu banho e sentei na frente dessa tela para passar o tempo. Acho que devo comprar umas cervejas pra mais tarde. Sim, sim, farei isso.


d
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segunda-feira, março 19, 2012

Naquela...

Essa é uma daquelas que não tem destino nem próposito, indo pelo ritmo do que escuto e da noite nas minhas costas, roads toca e me toca, quero saber que guerra é essa a ser lutada... penso se é a mesma que a minha, mas ela não sabe, não sabe, mas eu sei, eu sinto, está aqui encravada no meu peito e observo todos os momentos que enfrento com uma resignação despropositada, uma auto sabotagem como estratégia para o próximo movimento, tentando deixar o que realmente está aqui despontar em palavras, mas não posso, não devo, não consigo... talvez até não valha a pena; e não sei mais o que é importante e quais quimeras criei, não sei mais o que devo fazer, o que é certo, a noção maniqueísta se foi tranquila, assim, como as areias em uma ampulheta, sem referência, from this moment how can I feel, em uma experimentação que não vai dar em lugar algum já que o sabor já está decidido, you're my favorite flavor, mas isso não faz mais sentido como fazia antes, o passado, ah o passado, quando tudo parecia poder ser da maneira que mais me agradava,sonhos e doces ilusões que em seus restos decrépitos brilham a centelha que molda as tentativas, oh, onde, não sei mesmo, seria uma coisa agradável entender a razão, sei os porquês mecãnicos da noite e suas milongas que dançam comigo e me trazem a esse estado de total desistência, sem mais graça ou força pra continuar nesse jogo que sempre perco, o dia a dia que massacra sem esforço, as expectativas martelantes e desorientantes, o medo... o medo vem no encalço na desistência diante à dificuldade, à dor e todo tormento que conheço bem... isso poderia ser mais simples e tranquilo como o som dos dedos contra cabelos num movimento suave, movido por puro carinho determinado pela constância abstrata envolvente que torna tão incrivelmente fantástico esse conhecimento profundo de um e outro e coisas que não se explicam, não funcionam, simplesmente são e em mim,

sempre queimam mais FORTE.

Wondering stars form whom it is reserved...
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quarta-feira, março 14, 2012

Certeza.

Certas vezes faço certas coisas que me indagam a entender o que faço com perigo. Nestas noites, nesses passeios pelas ruas e pelos cheiros, faço coisas que nunca deveria ter feito. Novas tentativas, experimentos eleitos, testados e perdidos. Certezas gritantes, as vezes as garantem, certas como os dias de trabalho, manchando minha calma com possibilidades marcadas.

E ainda conto com o acaso.







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sexta-feira, março 09, 2012

News from Nowhere. - 2

Chove o dia inteiro. Tinha planos, mas a chuva me mostrou o quão inúteis eles são. No sala, os gatos passeam pelo sonhar com seus corpos quentes espalhados pelo sofá. Não consigo acompanhá-los, uma certa inquietação me impede. Não vejo nada que preste na net, nada de pessoas interessantes para papear. Penso em ingerir um pouco do licor de laranja que me encara por trás do vidro do armário... melhor não, ando bebendo demais, até quebrando copos sem razão estou, simplesmente fazendo coisas pelo simples impulso do fazer. Mas é o marasmo desta casa que me açoita.

Sonhei com ela noite passada, alisando meus cabelos e me dizendo que não precisava ter sido tão duro comigo mesmo. Talvez ela estivesse certa. De toda forma, preciso terminar o percurso que comecei.
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segunda-feira, março 05, 2012

(...)


I'm sorry for the things I've done
I've shamed myself with lies
but soon these things are overcome
and can't be recgonized.

(...) and now I'm running dry.
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quinta-feira, março 01, 2012

News from Nowhere.

Bem, não tem ninguém para conversar nessa noite. Eu ainda aqui sentado, do mesmo jeito de antes, no escuro, mas com outro som e destilando outras expectativas. O sopro grave no meu ouvindo inunda minha cabeça só pra dar lugar ao agudo do piano, aqui em baixo os dedos vão se agitando, tentando ser independentes dos olhos, cabeça - dedos, sem atravessadores e o processo se torna lento quando tento racionalizar, criar uma técnica para para melhorar o processo, mas algumas coisas não carecem de técnica, pois abundam em feeling. Muitas vezes serve na música, mas na vida às vezes fode.

Lembro de quando subi no ônibus a procura da minha cadeira, número 7, bem na frente, segunda fileira, do jeito que não gosto. Uma mulher gorda no corredor e uma jovem senhora com um bebê nos braços. As duas se olham e dizem "a minha é a 8", penso tudo bem, eu só preciso da minha 7. Elas fazem um certo alvoroço para se levantar e digo que não precisa daquilo, "deixa o motorista vir", e a gorda me chama dizendo "meu filho olha aqui pra mim" e vejo lá circulado do lado esquerdo da passagem o número 16 e ela diz "vixi, me disseram que era o 8" e se levanta num movimento sem nenhuma harmonia e vai indo lá pra trás enquanto a moça com a criança se mexe pra passar pra cadeira corredor.

Eu a deixaria ter a cadeira da janela, mas ela logo se mexeu, meio como quem sabe que não deveria estar ali e tudo bem, a vista me agrada e ela já estava quase toda na outra cadeira e a criança ainda dormia e tudo bem, vou me esgueirando, eu e mochila entre a cadeira e eles, pensando que devia ter pego a passagem da cadeira 16 e ter ido lá pra trás. Aquela criança dormia, mas nada me garantia que aquilo se estenderia pelas próximas 5 horas.

Para minha doce supresa o menino capotou por quase todo o percurso. Só se mexia aqui e acolá, resmungava, o que fazia sua mãe lhe dar o peito pra mamar. E ficavam os dois ali, a mulher cochilando enquanto ouvia o barulho de boca chupando peito, o tipo som que faria o Satanás achar tortura. e foi só.


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