quinta-feira, abril 28, 2005

De volta ao mundo real.

Ansiedade, ansiedade, maldita ansiedade é a primeira coisa que sinto quando abro os olhos pela primeira vez na manhã. Sem sentido, sem razão, sem nenhuma explicação, simplesmente está lá. Rolo por alguns minutos na cama tantando inultimente voltar para o conforto inconsciente do sono, mas quem disse que, especialmente hoje, isso funciona? Claro que se eu tivese algum compromisso sério pela manhã, com certeza não precisaria nem pensar duas vezes e ja estaria domrmindo. É a velha lei de Murph em ação.
E o tempo vai passando, passando, rastejando como uma geléia fétida que sorri pra mim com desdém quando tento apressá-la. Tento ignorar o tempo, como tentativa de esquecer o que me consome e vou indo, indo, indo, a tarde chega e traz a minha total impaciência.
Aguma coisa, alguma coisa, penso. Tenho que fazer algo. Lembro que um pouco de drogas lícitas seriam interessantes nesse momento, isso mesmo, uma garrafa de vinho e alguns cigarro, o remédio perfeito. Vou até a caixa verde e vejo que so tenho o suficiente pra metade do que preciso. E já que não vendem meio litro de vinho...
Caminho até o posto da esquina e penso em comprar o bom e velho criador do muco que se prolifera no meu peito, isso é, claro, o meu antigo amigo do cotidiano, hollywood vermelho. É, ele tava lá, e eu tava lá também, olhando pra ele e começando a acreditar que eles realmente causam dependência psiquica, e acabei resolvendo pegar algo mais leve, não o vermelho e sim o azul. E além de tudo, azul é uma das minhas cores prediletas, e como eu precisava de algum suporte a mais pra decidir minha opção, resolvi comprar o azul, usando como base relações que não tem nada a ver. Desde quando alguem compra cigarro segundo sua cor predileta? Não importava e da última vez o azul tinha sido legal então, por que não ele?
Só que não tinha a porra do azul. Como sempre, o acaso frustrando minhas vontades. Tudo bem, tudo bem, deixei pra e resolvi dar uma volta e acabei me vendo indo em direção a casa do Sr. Tédio e acabo comprando cigarros no caminho, não o azul que eu queria, e sim outro. Não importava mesmo. Meu vício sempre foi genérico, então qualquer um serviria mesmo.
Cheguei no Sr. Tédio e pedi pra ele colocar o In Utero, tava em clima de ouvir " Frances farmer will have her revenge on seattle", só pra ouvir o refrão "I miss the comfort of being sad", parece meio masoquista, eu sei, mas era exatamente assim eu me sentia. Depois (o acaso dessa vez tirando onda com a minha cara) veio o morrison cantando "Crawling King Snake", com o sutil "come on, give me what I want and I ain't crawl no more" ou quase isso. Será que você para de rastejar depois que consegue o que queria? É, supostamente sim, ou as vezes dá é mais vontade de ir pro chão. E o resto foi agradável, boa conversa, boa música...tinh aesquecido o quão legal é visitar velhos amigos jogar conversa fora, pedir opinões sobre tudo e como isso as vezes alcama a tensão.
É, depois de alguns cigarros e algum tempo passado, a ansiedade começo a se dissipar levemente, como se a nuvem tivesse se movendo agora. Ainda rolou o lado A do primeiro disco do floyd, disco magnífico que sempre me remete a minha experiência com quetamina, depois vieram sabbath, hendrix e um pouco de beach boys acopanhando a comitiva. Ai sim, começava a me sentir bem melhor.
Antes de ir, ainda li ua parte de uma historia sobre um demônio da fome, mais uma do constantine. É... fome, um demônio que consumia as pessoas por dentro, fazendo elas consumirem até a morte aquilo que elas mais gostavam. Vontade, fome, ansiedade... às vezes acho tudo isso muito parecido.
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quarta-feira, abril 27, 2005

A Grande Mentira.

Em uma mão um cigarro, na outra uma garrafa de vinho tinto barato quase vazia e entre suas pernas ele, mais uma vez ele, inebriado com os beijos, o gosto, o cheiro nostálgico daquela pele macia; uma volúpia sem culpa, sem ressentimento, sem compromisso, sem porquês, sem nada além da vontade de acompanhar a respiração dela, de sentir o gosto salgado do seu suor, de deixar fluir toda sua vontade de possuí-la... gostou de ver quando ela jogou a cabeça pra trás e ele pôde ver a bela forma do queixo, do pescoço que o impelia a ir ao seu encontro... e na sua cabeça, sempre presente, estava o pensameto que tão ruim quanto o desejo não realizado é a consciência que esse momento de realização inevitavelmente chegará ao fim.
Sim, sim, cada cheiro, cada toque, cada momento saboreado com ânsia de que no futuro ele pudesse sentir pelo menos as impressões das sensações aproveitadas naquele momento.
No fim, uma despedida displicente como deveria ser. Como ambos queriam que fosse. Nas suas mãos, o cheiro de cigarro, de vinho, o dela. Mistura que o fazia perceber que sua razão nunca iria sobrepujar suas emoções.
P.S: sei, sei, um pouco piegas, admito. Mas achei isso numa gaveta e resolvi publicar.
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sábado, abril 23, 2005

motel 90 Posted by Hello
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quinta-feira, abril 21, 2005

Passeio no Bordel.

Cara, foi um dia chato daqueles que você está cansado de tudo, de todas as piadas imbecis, de todos os conceitos que giram em torno de você, de todo e qualquer referencial do que é legal ou não, de tudo aquilo que você considerava valor e todas as mrdas que normalmente estão presentes no meu dia.
Fui na sciense como de costume e esse costume já está chato pra caralho, to cansando de andar no mesmo lugar e ouvir as mesmas coisas todos os dias. Tudo bem, vai ver não é bem as mesmas coisas todos os dias, mas na essência, é mesma coisa sim, sei lá, talvez esteja cansando de ser o caa do jeito que sou. Não, acho que não, não estou cansado de ser eu e acho que nunca me cansaria, só acho que alguma coisa tem que mudar. Rotina nunca me agradou.
Tudo bem, mas hoje em especial era o dia de ir no motel 90 pra checar os últimos detalhes do show dia 07/05. ( kohbaia, Velocípede e Memphis Máfia) Nem sei pra fui pra essa merda, devia ter ficado em casa vendo tevê e quem sabe até bater uma punheta só pra relaxar. Subi, peguei uma fininho que tinha sobrado, fumei e me mandei pro ponto de encontro.
Esperei por uma hora a galera chegar, mas pelo menos eu tinha um pouco de mafú, que so fez a minha espera ficar mais longa e fazer um cara com cabelo rastafari querer me colocar pra fora da universidade, me acusando de não ser aluno.
Enfim, o povo chegou e andei pra caralho até chegar no noventão. Fiquei lá um tempão esperando o dono, chefão lá chegar, vendo um monte de puta feia passando pra lá e pra cá, filando cigarros e cerveja de uns placas e vendo caras velhos e bêbados e loucos chupando as putas no meio do salão. Rolou um show no palco com aquelas malditas luzes que piscam direto, mas não vi nada, primeiro porque a garota não tirou a roupa ( ninguem se ofereceu pra pagar dez paus) e segundo, a porra dessa luz me deixou tonto pra caralho, e tudo isso ao so de Celine Dion cantando a merda daquela música tema do Titanic.
Depois a garota se levantou e foi pra perto de um cara que tava sozinho numa mesa e ficou lá, dançando com a cabeça do cara entre as pernas, e ele, fazendo o que devia ser feito, quer dizer, o que ele queria fazer, afinal a lingua é dele e ele mete onde quiser.
Vendo tudo aquilo percebi que aquele era o lugar perfeito pra ir quando me sentisse sozinho ou triste por causa de alguma garota. É tão mais simples, em vez de gastar um tempão com uma garota pra pelo menos ver ( digo ver, não é nem sequer tocar, lamber, ou beijar, simplesmente ver!) a garota nua e no final ser sacaneado, vou prum bordel com alguma grana no bolso e economizo meu tempo e deixo logo as relações serem como na sua essência, isso é, completamente efêmeras.
E provavelmente vou sair desse "realcionamento" do bordel bem; talvez com um pouco menos de dinheiro, mas com muito mais tempo pra desperdiçar.
Normal, mas nada disso tirou tédio que reinava em mim.
Tentei ficar na porta esperando o tempo passar, ouvindo estórias do segurança ex-policial assassino, que matou um cara no melhor estilo hollyudiano. (isso na versão dele, é claro.)
E esperei pra caralho só pra no fim percebe que nem devia ter ficado lá, já que minha presença foi mesmo que nada, então pra eu fui pra essa porra?
Só pra ter certeza que to cansando dessa merda toda.
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Um banheiro.

Já havia se tornado costume. Todos os dias, por volta das seis horas ele sempre ia ao banheiro, sempre no mesmo horário. Cada pequeno detalhe na sua vida era perfeitamente encaixado junto aos outros pequenos detalhes, cada detalhe com tudo programado, principalmente os horários: hora de beber água, comer, ler, ir cagar, transar, descansar, sair, mentir, drogas, garotas e por ai ia, tudo programado. Sua rotina diária nunca mudava e isso o agrava bastante.
E durante todos os dias da semana que ia ao banheiro ele sempre via aquele garoto saltitante, magro, com traços delicados e gestos afeminados. Todos os dias ele via o carinha, ora lavando as mãos, ora mijando, ou se olhando no espelho com uma expressão estranha ou simplesmente parado olhando lascivamente para quem entrava nos seus domínios, olhar esse que não o agradava nenhum um pouco. Na verdade o deixava puto, muito puto mesmo. Não suportava aqueles olhares e ficaria realmente muito irritado se essa atração que ele sabia que exercia sobre o carinha avançasse um estágio e se transformasse em palavras. Ele não aguentava aquele olhar e palavras seriam ainda mais irritantes. Pensou em mudar, ir ao outro banhiro da universidade, mas mais dolorosa e insuportável era a idéia de mudar sua rotina.
E esse teatro ridículo se repetia dia após dia e estava quase entrando conseguindo o status de rotina, quando certo dia ele chegou ao banheiro por volta das seis e o garotinho não estava dentro do banheiro como de costume, e sim na porta do banheiro com uma expressão alegre estampada na cara, um jeito infantil, como uma criança que fez algo que não devia e ria-se por dentro por tê-lo feito.
Entrou no banheiro e a primeira coisa que sentiu foi um cheiro de merda insuportável que pairava no ar. Encontrou o segurança, um homem gordo, grande de traços e movimentos brutos. O segurança estava parado perto da pia lavando as pernas que estavam cobertas de bosta, marrom e pegajosa como bosta é. Ao perceber a presença de mais alguém no banheiro, o segurança babuciou meio sem jeito:
-É, me caguei. Não consegui segurar, foda!
Depois de tudo que tinha visto nas últimas semanas, ele não tinha dúvida do que havia aconteceido, e apenas disse:
-Eu sei cara, sei o que rolou. Pode ficar tranquilo, não vou dizer pra ninguém.
- Como assim? - replicou o segurança assutado.
- Não contar pra ninguém que vc rasgou o cu daquele baitolinha e agora ta ae, todo lambuzado de merda. Se preocupa não, mas pelo menos da róxima vez se não fode o menino de novo, não aguento esse cheiro de bosta espalhada pelo chão.
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sexta-feira, abril 08, 2005

Harry.


- É o seguinte: Você mexe comigo.
- O quê?
- Isso mesmo, é uma espécie de magnetismo, ou talvez a minha razão tenha sucumbido, não sei, só sei que mexe.
- E o que você acha disso?
- Acho legal, porque acho que isso é recíproco.
- Hehe, pena te dizer, mas acho que não. Eu nunca nem pedi teu telefone como você acha que pode haver alguma coisa...
- Ah então tudo bem, talvez não seja nada sério mesmo. Quem sabe são apenas flashs de "tesão", como você mesmo diz.
- Não? como assim?
- é só uma leve vontade.
- E ela não vai acabar, não é?
- Não sei. Talvez acabe. Acho que é pra esse lado que tá indo.
- Não! isso não pode acabar, por favor não!
- Por que não?
- Porque você sabe que ese jogo me agrada...

E derepente Harry ouviu ecoar na sua cabeça

one more time is good enough for me...

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