De volta ao mundo real.
Ansiedade, ansiedade, maldita ansiedade é a primeira coisa que sinto quando abro os olhos pela primeira vez na manhã. Sem sentido, sem razão, sem nenhuma explicação, simplesmente está lá. Rolo por alguns minutos na cama tantando inultimente voltar para o conforto inconsciente do sono, mas quem disse que, especialmente hoje, isso funciona? Claro que se eu tivese algum compromisso sério pela manhã, com certeza não precisaria nem pensar duas vezes e ja estaria domrmindo. É a velha lei de Murph em ação.
E o tempo vai passando, passando, rastejando como uma geléia fétida que sorri pra mim com desdém quando tento apressá-la. Tento ignorar o tempo, como tentativa de esquecer o que me consome e vou indo, indo, indo, a tarde chega e traz a minha total impaciência.
Aguma coisa, alguma coisa, penso. Tenho que fazer algo. Lembro que um pouco de drogas lícitas seriam interessantes nesse momento, isso mesmo, uma garrafa de vinho e alguns cigarro, o remédio perfeito. Vou até a caixa verde e vejo que so tenho o suficiente pra metade do que preciso. E já que não vendem meio litro de vinho...
Caminho até o posto da esquina e penso em comprar o bom e velho criador do muco que se prolifera no meu peito, isso é, claro, o meu antigo amigo do cotidiano, hollywood vermelho. É, ele tava lá, e eu tava lá também, olhando pra ele e começando a acreditar que eles realmente causam dependência psiquica, e acabei resolvendo pegar algo mais leve, não o vermelho e sim o azul. E além de tudo, azul é uma das minhas cores prediletas, e como eu precisava de algum suporte a mais pra decidir minha opção, resolvi comprar o azul, usando como base relações que não tem nada a ver. Desde quando alguem compra cigarro segundo sua cor predileta? Não importava e da última vez o azul tinha sido legal então, por que não ele?
Só que não tinha a porra do azul. Como sempre, o acaso frustrando minhas vontades. Tudo bem, tudo bem, deixei pra e resolvi dar uma volta e acabei me vendo indo em direção a casa do Sr. Tédio e acabo comprando cigarros no caminho, não o azul que eu queria, e sim outro. Não importava mesmo. Meu vício sempre foi genérico, então qualquer um serviria mesmo.
Cheguei no Sr. Tédio e pedi pra ele colocar o In Utero, tava em clima de ouvir " Frances farmer will have her revenge on seattle", só pra ouvir o refrão "I miss the comfort of being sad", parece meio masoquista, eu sei, mas era exatamente assim eu me sentia. Depois (o acaso dessa vez tirando onda com a minha cara) veio o morrison cantando "Crawling King Snake", com o sutil "come on, give me what I want and I ain't crawl no more" ou quase isso. Será que você para de rastejar depois que consegue o que queria? É, supostamente sim, ou as vezes dá é mais vontade de ir pro chão. E o resto foi agradável, boa conversa, boa música...tinh aesquecido o quão legal é visitar velhos amigos jogar conversa fora, pedir opinões sobre tudo e como isso as vezes alcama a tensão.
É, depois de alguns cigarros e algum tempo passado, a ansiedade começo a se dissipar levemente, como se a nuvem tivesse se movendo agora. Ainda rolou o lado A do primeiro disco do floyd, disco magnífico que sempre me remete a minha experiência com quetamina, depois vieram sabbath, hendrix e um pouco de beach boys acopanhando a comitiva. Ai sim, começava a me sentir bem melhor.
Antes de ir, ainda li ua parte de uma historia sobre um demônio da fome, mais uma do constantine. É... fome, um demônio que consumia as pessoas por dentro, fazendo elas consumirem até a morte aquilo que elas mais gostavam. Vontade, fome, ansiedade... às vezes acho tudo isso muito parecido.