quarta-feira, maio 24, 2006

Edgar Borges e o Dildo Prateado. - Parte 1.

No início achei que fosse apenas mais um caso simples de marido traído querendo fuder sua mulher direitinho. Até ai tudo bem, contando que eu recebesse minha parte ele poderia sacanear com quem ele quisesse. Já estava com tudo na mão, máquina, cartão de crédito liberado, carro e tudo mais. Só tinha que bater algumas fotos dela trepando e com a ajuda de uma lista de endereços - a maioria pessoas que compartilhavam seu mesmo sangue - enviar as mesmas.

Já tava naquele carro há um tempão e ela ainda não havia aparecido. Ela devia aparecer a qualquer momento, saindo de algum táxi. Aí entraria no café, ficaria nas cadeiras do lado de fora, mas dentro do jardim, com um cigarro pendendo naquela longa piteira enfeitada, queimando sem ser estimulado por nada além da impaciência dela e então, como sempre ele apareceria de repente, surgindo dos fundos do Café pela passagem lateral com aqueles óculos escuros descaradamene criminosos pendurados na cara - acho que o que ele mais curtia era o lance de se sentir fora dos padrões, um outsider que enrrabava a mulher do seu irmão, do que o prórpio ato de enrrabar.

Toda quarta era a mesma coisa; pelas últimas quatro semanas era isso que rolava. Não era problema meu, sempre mantive distância de tudo que me metia, não quero saber quem faz o quê, porque posso até fazer parecido se me ver na mesma situação. Ou não. Após algum tempo bricando disso, meus padrões morais ficaram tão doidos que nem sei se eles ainda possuem alguma consistência para serem considerados algo.

Sei que o o meu chefe temporário já tava enchendo meu saco pra pegar logo eles de jeito, acho que meus honorários deviam estar começando a pesar no bolso dele. Ele queria logo a ação e eu podia continuar seguindo aqueles dos coelhinhos pelo tempo que fosse necessário se continuasse ganhando o que estava vindo aprar na minha mão. Já tava até pensando em trocar o meu velho .22 enferrujado. Um sonho antigo que seria realizado com um longo e suave crediário.

Era nisso que pensava enquanto ficava muito puto com aquele calor da porra. Já pensei mil vezes de parar de usar essa merda de sobretudo preto, mas ainda não aprendi que o glamour não compensa sua ridicularidade; e os malditos não apareciam. De repente, o telefone toca. Era o Alberto.

- e ae, cara, qual foi?
- Missão abortada. eles foram pro Ultra-senior Resort - disse o alberto, forçando um sotaque tão medonho que nem tive tempo de tentar reconhecer.
- Como assim? eu grampei ele hoje. Não podem ter mudado assim.
- É garotão, mas parece que eles desconfiam que tem alguém seguindo eles. Advininha quem? - Alberto sempre fazia essas perguntas com um ar de esperto que o fazia soar cada vez mais imbecil.
- Tudo bem Alberto, Valeu.

Fim da parte 1- Essa eu continuo. Só não publiquei toda porque tinha certeza que ninguém ia ler tudo.

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domingo, maio 21, 2006

Foda.

Primeiro ouviu dois tiros seguidos e os gritos. Não sabia ao certo o que estava acontecendo na cozinha ao lado onde seus amigos apreciavam um mafú, mas sabia que a merda tinha ficado grande demais e era hora de se esconder. Das 9 pessoas na casa, ele era um dos três que ainda estavam no quarto, as outras correram para cozinha.

Ouviu mais barulho de tiros e não conseguiu saber quantos foram pois estava correndo desesperadamente pelo corredor na esperança de ainda achar a chave no portão. Porém se a razão daqueles gritos e som de luta na cozinha fosse o que ele achava que era, a chave já devia estar bem longe do cadeado. E realmente estava. Estava do outro lado portão, dava pra ver, mas não dava pra alcançar. Na verdade nem pensou que poderia tentar puxar as chaves com alguma coisa, só pensou que os barulhos na cozinha estavam diminuindo e outro tiro tinha soado e que aquilo poderia tomar lugar ali, do seu lado, e isso não seria muito comfortável.

Correu de volta para o quatro, se trancou no banheiro ao lado e apagou a luz. Ficou lá e percebeu que o silêncio tomava conta da casa. Permaneceu completamente imóvel. Quem sabe ele não tivesse conseguido pegar todos. Alguém pode ter fodido ele primeiro, afinal todos concordavam que ele era um babaca de primeira lina e com certeza se sentiriam superiores o suficiente para reagir.

Ou não, o choque de ver aquela lesma finalmente reagindo a toda aquela palhaçada fosse por demais inverossímil para que houvesse alguma reação. Esperou e esperou para ouvir algo que lhe dissesse o que acontecia lá fora e apenas ouviu gemidos de dor e palavras que não conseguia compreender, mas percebia que era algo como uma espécie de apelo. Logo em seguida um baque surdo interrompeu o pouco que ouvia.

Então vieram aqueles passos arrastados e vacilantes pelo corredor e bem lentos. Pensou em sair, poderia ser alguns dos rapazes, quem sabe. Não teve coragem. Os passos continuaram pelo corredor e na altura da porta do quarto que ficava ao lado do banheiro, os passos pararam e se tornaram em grandes passadas largas e vibrantes que culminaram em fortes batidas na porta que já não era lá grandes coisas depois que voyeres loucos abriram um buraco nela. Não demorou quase nada para ser escancarada e um cara branco, com o olhar inflamado aparecer na porta com o ventre aberto e o corpo coberto de sangue dizendo de maneira espasmódica e falhada por tiques nervosos: "fodeu ela, seu puto, fodeu?" e apontando uma arma pra cabeça dele.

Percebeu que não adiantaria mentir, afinal tinha fodido mesmo. Pensou "que merda, vou morrer por uma foda mô paia nesse mesmo banheiro" mas ainda sim tentou:

- Calma, Alemão, calma. - parou um segundo olhando para o fim daquele tunel escuro na frente dos seus olhos - eu não fodi!

-fodeu? fodeu? - essa era única coisa que ele articulava enquanto sua mão tremia a um palmo do rosto do cara. Ele era todo espasmos, corpo todo tremia, como se seus tiques finalmente tivessem tomado conta de todos os movimentos do corpo, como se fosse os únicos movimentos que o corpo pudesse fazer.

- Merda Alemão, o que tu queria que eu fizesse? Quem não tava comendo, tava comentando. Se fosse pra fazer merda, que fosse logo bem feita! Então fodi mesmo. - já não se importava mais em morrer. Percebeu que aquele louco tava pirado demais pra não fazer besteira.

Depois só sentiu o calor trespassar seu rosto. Caiu e ficou encarando o teto vendo tudo escurecer. Foda. Tudo por que ela quis dar pra todo mundo.
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domingo, maio 14, 2006

Seis vezes quinze é a base do quero dizer aqui.

Eis que estou ouvindo James Brown e curtindo uma suposta ressaca que não rolou devido a prática do karate boliviando e tomando as velhas cervejinhas e começo a achar qeu não devo me preocupar tanto com as coisas apenas deixar ir e ir e ir só pra ver onde vai dar sem realmente me deixar preocupar com as coisas boas/ruins que podem vir a acontecer e/ou acontecem e não importa, cara não importa mesmo, o que acontece não importa, porque depois essas coisas viram apenas mais algumas malditas lembranças pra fazer volume na sua cabeça e então não adianta se preocupar com todas essas coisas que você acha que acontece ou acha que percebe (e essa é a pior parte) ao seu redor, principalmente em noites loucas onde você não sabe diteto o que está acontecendo ao seu redor, principalmente se essas noites sem sanidade aparente tomam lugar em puteiros com banheiros loucos de luzes vermelhas, onde números dos locais se ligam a disposição espacial de corpos, onde as portas são chutadas e empurradas para dar lugar a coisas que só quem estava lá pode entender/sentir e ver com tudo funciona de uma maneira que não dá pra explicar/controlar/suportar ou quem sabe qualquer outra coisa qeu você veja e esteja além do que posso perceber.
É meu rapaz, as coisas só tendem a ficar cada vez mais longe e indo e indo e indo e continuo indo junto só pra ver onde vai dar.
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