quarta-feira, fevereiro 29, 2012

Montes Distantes.

Sentado numa mesinha em um quarto de hotel no centro de Sobral, levemente mafusado, só de cueca ouvindo Double E, a primeira música que noto nessa primeira vez ouvindo esse disco, os riffs dando ritmo às teclas e vou saboreando o prazer de estar sempre em movimento, um quarto de hotel a cada noite, estrada e coisas a serem feitas nesse ínterim; ruas, casas, pessoas, cotidiano estranho e fascinante ao redor, quente ou frio, sujo, limpo, não importa, importa que apenas acontece, cores, cheiros, luzes, sons, sensações, reações, mente focada puramente por que é novo, é vivo, lá, presente, ali, agora - isso me lembra uma cerveja e Jorge Ben no calor de Quixadá - e não sentir o peso dos dias, apenas o momento passante e constante, novo, novo, novo, sempre algum lugar, isso sim eu chamaria perfeito.

Claro, o padrão iria no encalço, amarrando, tentando trazer o tédio pela repetição mas sem nunca realmente conseguir, sempre um passo atrás, atrás, e veria os dias passarem em paisagens passantes, sem familiaridade, indo, indo, indo em destino ao próprio destino.

sim, isso seria bom.
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domingo, fevereiro 26, 2012

Domingo, DOMINGO, um domingo como há muito não tinha, um dia longo e pesadíssimo pelo torpor do cansaço do meu corpo, que reclama através do gosto ruim na minha boca, da dor espalhada por cada músculo, e da minha alma que se contorce como um verme asqueroso que talvez ela realmente seja, um dia de parar e tentar entender, ser forçado a parar e entender, limpar a visão embaçada por tanto álcool e tantas outras coisas que trituram minha cabeça, as dúvidas, as mentiras que continuo contando pra mim, meus medos, conjecturas, anseios e expectativas vazias se apresentando no palco da minha, da minha, da minha... minha tranquilidade talvez, minha nunca paz de espírito e esse espetáculo que se mescla à ressaca, uma simbiose perfeita que faz os receptores de ambos regojizarem em júbilo como bocas que muito se desejam, um romance tétrico que pari algo medonho e independente e poderoso que alimenta compulsivamente o fardo nos meus ombros, every man think his burden is the heaviest, uma espécie de culpa, mesmo não havendo nenhuma a ser tida, não posso me culpar ou ser culpado pelo que sinto, mas apenas pelos atos resultantes disso e o ciclo se fecha, pesando, pesando, e pesa cada vez mais, quanto mais tento separar o joio do trigo, mais eu acho que I'm not feeling up to par, e enfrento resquícios, subprodutos de ações dos dias, das relações humanas e seus desenrolares que sim, sim, me fazem sentir culpado pelo aquilo que sinto, a necessidade de pensar apenas por mim, sim, por mim, um egoísmo que grita como uma pulsão de vida e isso increases my paranoia, pois mesmo sendo apenas sentimento meu, esse mesmo sentimento reverbera e afeta outros e só eu sei o que é estar na minha pele e a dor que é proporcionar dor, uma crueldade que não faz parte do pacote que me forma, e não, não era pra ser assim, a dor dela não deveria haver e isso me faz pensar em algum tipo de equilíbrio que não entendo e não vou me aventurar a tentar entender agora e daí para a procura de algo que atenue esse peso, esse maldito peso, é muito rápido, canções dançam na minha mente e procuro em cada nuance de timbres e harmonias aquele fugaz instante que se esconde entre as notas, aquilo que faz que a conexão com nossas emoções, que despertam os sentimentos, a catarse que arrepia minha pele e anuncia lágrimas e procuro nisso tudo que é tão pouco algo que me dê uma luz, a maneira de deixar tudo em uma ordem mais leve, nem que se isso signifique minha própria ruína ao mesmo tempo que sei do cuidado a se desejar algo; sei que não é assim tão simples, NUNCA É SIMPLES, até mas mesmo coisas univocamente recíprocas são repletas de variantes encrustadas que no frigir do ovos contam até mais que o cerne que dá sentido à própria coisa, mas esse não é realmente o sentido desse texto, não, não, o que ocorre é que finalmente (e por puro acaso de vídeos publicados em redes sociais) percebo que isso é apenas o encontro com as reações dos meus erros, das minhas fraquezas. So me resta enfrentar o que vem pela frente.








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sexta-feira, fevereiro 10, 2012

Oitavo dia.

Nada demais. Muito sono, muito sol, preparação de aula e muito tempo perdido na net, principalmente nesse tal de facebook, que so te proporciona conversa e fotos toscas, atualização de fofocas, supostas frases/textos edificantes, propaganda panfletária e coisas do tipo.

and not a single fuck was given that day.
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quarta-feira, fevereiro 08, 2012

Sexto dia.

Ouvir as baladas dos Stones sempre me levam devagar pelas horas e me instauram uma leve melancolia. Agora mesmo toca Sway, mas eis quee a porra do trem lá afora chega abafa tudo aqui e não me deixa ouvir o resto da música e assim acabando com todo o clima que eu estava pra escrever esse texto. que merda.
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Quinto dia.

Juro que parei no pitombeira pra almoçar e não imaginei que passaria as próximas seis horas e meia com o rabo sentado numa cadeira enchendo a cabeça de cerveja. Estava vindo do outro lado da cidade depois de conhecer meus mais novos alunos de 10 e 12 anos (puta merda, eu mereço) e parei ali pra almoçar e me preparar para o que vinha pela frente. Só não contava em encontrar o capoeira por lá.

Fui pra sua mesa, me sentei e pedi o almoço. Ele tomava uma campari. Só conheço um cara que gosta de tomar isso e ele toma por que é ruim o suficiente pra ninguém pedir um gole. Não é a toa que esse cara é o maior filão que conheço. Já curti noites com ele sem gastar um centavo, nem com bebida bem com cigarros, tudo fruto da sua sutil arte - que hoje em dia anda um tanto quanto desgastada - de filar, sempre seguindo sua ética e com um sorriso no rosto. Segundo ele, um sorriso é batata pra filar cigarros de bichas e isso realmente funciona. Acho que o cabelo liso e o narigão que imprimem nele um ar argentino sempre ajudaram na filância. De toda maneira, logo que terminei o almoço bateu uma sede e vi que tinha ainda 10 minutos. Resolvi convidar o capoeira pruma cerva. uma não, 3, nunca ninguém toma apenas uma e nunca gostei de terminar cervejas em números pares.

É de certa forma estranho dizer que você tomou um cerva em um bar como o pitombeira com um doutorando em linguística, quando esse mesmo doutorando bebe pra caralho e quando notei, tinha mais de 20 cascos de cerveja sobre a mesa e mais duas pessoas sentadas e mais cascos no chão. Ficamos nesse durante a tarde, bebendo, falando mal do departamento de literatura da ufc, destilando ideias loucas baseadas em teorias da linguagem e semiótica, mulheres e bebida. Um bom papo, tenho que dizer. E em algum ponto nessa tarde pensei que sim, eu minto, já menti e que não me orgulho muito disso. Mas nucna menti com o intuito de enganar, de ludibriar alguém... acho que posso classificar todas minhaaprs mentiras no grupo da omissão, e não como algo usado pra algum fim específico, o que me fez ficar um pouco puto com certas coisas que acontecem e sentir vontade de fuder com tudo, mas fuder bem direitinho, mas qual o ponto disso mesmo? resolvi me levantar e ir embora.

Momentos depois me vejo no interfone do apartamento do Velho Leon falando em espanhol e pedindo pra ele desces, afinal, depois de tanta cerveja e especulação, me via na necessidade de conversar, botar pra fora tudo que me aperta esse peito um pouco cansado de tudo isso e me senti em um romance da Agatha Christie tentando descobrir o culpado...


Enfim, e acabei aqui. Vou seguir o plano, apesar dos deslizes aqui e acolá. Culpe o álcool, é o que eu faço.






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segunda-feira, fevereiro 06, 2012

Quarto Dia.

E me pego divagando sobre o quão articulada pode ser a maquinação humana pra te lascar, me escolhendo entre porquês e motivações, sambando bêbado em especulações e conjecturas que, na maior parte dos casos, só te fazem perder tempo, juízo, e em alguns casos, até amigos.

Mas eis que há aquelas que realmente, mas um realmente em todo seu peso adverbial de 9 letras e fricativa velar, te põe uma pulga atrás da orelha, daquelas que coçam e dão até medo do que se pode descobrir no desenrolar do novelo. Ou nó, que melhor metaforiza a coisa. É sério.

Mas bem, melhor deixar quieto and get back to work. Coisas mais interessantes pra se perder pensamentos.

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quinta-feira, fevereiro 02, 2012

Primeiro dia.

Subi na moto e me joguei nas ruas, sem rumo, sem saco, querendo estar em movimento pra por a cabeça no lugar, apenas seguindo a direção que estivesse menos engarrafada, indo, indo e pensando no que devo fazer e em como fazer e em como se sincero comigo mesmo, como alguém mesmo disse aqui nesse blog. Era mais de sete e meia e o trânsito ainda estava pesado, sei que deveria ter esperado mais um pouco, mas o tédio e o sentimento de inércia batia forte depois de passar o dia inteiro em casa em meio a leituras que espero que me levem a algum lugar. Então saí, fazia uma semana que não pilotava. O vento frio no meu rosto no capacete aberto me relaxava, apesar de o medo de cair de cara no chão e ter um afundamento maxilar estar sempre detrás da minha orelha, o que é bom, pois me mantém alerta com o trânsito pra evitar qualquer merda.

Quando menos percebi me vi em rotas que faço com frequência,o cérebro funcionando no automático e me pondo direção ao Benfica e tratei de pegar a primeira rua a direita que eu não soubesse onde iria acabar. É como estar jogando Age of Empires e sair desbravando as partes pretas do mapa ainda não descobertas. Só que toda vez que faço isso, meu passeio acabar em uma meia volta, já que as ruas vão afunilando e se tornando becos estreitos com caras estranhos sentados nas calçadas olhando pra mim e sempre acabo diminuindo a velocidade e voltando, o que não deixa de assustar as pessoas nas ruas. Nessa brincadeira me vi passeando em frente ao velho aeroporto pinto martins e seguindo uma rua que se perdia praquelas bandas e acabei por descobrir o final da linha do ônibus do Vila união - é, que grande descoberta -, uma lagoa, a do Opaia, mais becos estranhos e até mesmo uma rua apenas com galpões e que simplesmente acabava em um barranco e lá em baixo, o trilho.


Passei por muitas avenidas e ruas, ruas secundárias formadas apenas por muros altos e portões fechados, ruas nas quais não gostaria de transitar a pé em qualquer horário do dia, a não ser que eu estivesse fazendo uma conexão com Jah e não quisesse ser interrompido por olhares curiosos/assustados; ruas essas com casa grandes e bonitas e cheias de pessoas apreensivas que se trancam em seus pequenos palacetes para fugir da possível loucura das ruas e acabam por alimentar essa mesma loucura que prendem em casa; deixam as ruas mais perigosas com seus portões de alumínio e cercas eletrificadas, tudo fechado, nenhum contato com o exterior e assim isolando cada vez mais o lado de fora, o outro. Se eu tivesse algum prego por ali, ou se simplesmente quisesse um copo d'água, estaria fudido.

Rodei e rodei e quando menos percebi estava novamente na 13 de maio fazendo o mesmo percurso que faço a sei lá quanto tempo, passando pela ufc e vendo os placas sendo tangidos pela polícia para o estádio de um lado da avenida e do outro um casal brincando de pegar um na bunda do outro.

e apesar de todo o passeio, 30km no total, não consegui por os pensamentos no lugar e acabar com essas dúvidas que me assolam.





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quarta-feira, fevereiro 01, 2012

Mi Blog

Lendo a descrição do meu querido e antigo blog vejo que não estou fazendo jus ao nome, quer dizer, a parte da definição do nome: frequente. Vou tentar escrever aqui, sim, tentarei, relatarei essa minha existência inútil e falha, pedaços dos meus dias, fragmentos, pretensas reflexões sobre esse dia a dia repetitivo e tedioso e o tentarei da maneira mais jocosa possível - há muito tempo atrás percebi que as pessoas gostavam quando relava minhas coisas fazendo troça da minha própria pessoa, da minha mazela particular - Sim, hei de dedicar os minutos finais dos meus dias, uma frequencia diária (jura!) e tentar fazer essa joça continuar na ativa.

Preparem-se! (que maravilha de plural - se refere à 3 ou 4, no máximo)
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