Domingo, DOMINGO, um domingo como há muito não tinha, um dia longo e pesadíssimo pelo torpor do cansaço do meu corpo, que reclama através do gosto ruim na minha boca, da dor espalhada por cada músculo, e da minha alma que se contorce como um verme asqueroso que talvez ela realmente seja, um dia de parar e tentar entender, ser forçado a parar e entender, limpar a visão embaçada por tanto álcool e tantas outras coisas que trituram minha cabeça, as dúvidas, as mentiras que continuo contando pra mim, meus medos, conjecturas, anseios e expectativas vazias se apresentando no palco da minha, da minha, da minha... minha tranquilidade talvez, minha nunca paz de espírito e esse espetáculo que se mescla à ressaca, uma simbiose perfeita que faz os receptores de ambos regojizarem em júbilo como bocas que muito se desejam, um romance tétrico que pari algo medonho e independente e poderoso que alimenta compulsivamente o fardo nos meus ombros, every man think his burden is the heaviest, uma espécie de culpa, mesmo não havendo nenhuma a ser tida, não posso me culpar ou ser culpado pelo que sinto, mas apenas pelos atos resultantes disso e o ciclo se fecha, pesando, pesando, e pesa cada vez mais, quanto mais tento separar o joio do trigo, mais eu acho que I'm not feeling up to par, e enfrento resquícios, subprodutos de ações dos dias, das relações humanas e seus desenrolares que sim, sim, me fazem sentir culpado pelo aquilo que sinto, a necessidade de pensar apenas por mim, sim, por mim, um egoísmo que grita como uma pulsão de vida e isso increases my paranoia, pois mesmo sendo apenas sentimento meu, esse mesmo sentimento reverbera e afeta outros e só eu sei o que é estar na minha pele e a dor que é proporcionar dor, uma crueldade que não faz parte do pacote que me forma, e não, não era pra ser assim, a dor dela não deveria haver e isso me faz pensar em algum tipo de equilíbrio que não entendo e não vou me aventurar a tentar entender agora e daí para a procura de algo que atenue esse peso, esse maldito peso, é muito rápido, canções dançam na minha mente e procuro em cada nuance de timbres e harmonias aquele fugaz instante que se esconde entre as notas, aquilo que faz que a conexão com nossas emoções, que despertam os sentimentos, a catarse que arrepia minha pele e anuncia lágrimas e procuro nisso tudo que é tão pouco algo que me dê uma luz, a maneira de deixar tudo em uma ordem mais leve, nem que se isso signifique minha própria ruína ao mesmo tempo que sei do cuidado a se desejar algo; sei que não é assim tão simples, NUNCA É SIMPLES, até mas mesmo coisas univocamente recíprocas são repletas de variantes encrustadas que no frigir do ovos contam até mais que o cerne que dá sentido à própria coisa, mas esse não é realmente o sentido desse texto, não, não, o que ocorre é que finalmente (e por puro acaso de vídeos publicados em redes sociais) percebo que isso é apenas o encontro com as reações dos meus erros, das minhas fraquezas. So me resta enfrentar o que vem pela frente.