domingo, maio 31, 2009

Mulheres e Cervejas.

- Mulher é um bicho escroto - disse enquanto observava a garota na parada de ônibus do outro lado da avenida que, abraçada pelo namorado, baixava os óculos escuros pra me encarar melhor.

- É - concordou Kid e continuou - minha mãe certa vez me disse pra não confiar em mulher alguma, são todas iguais. A mesma coisa me disse a mãe do cabeção.

- Quando você pensa em fazer a putaria, ela já ta lembrando como foi - arrematou Mike enquanto continuávamos a procurar um bar para tomar uma cerveja.


Juro que não ia beber, uma gagranta fudida e falta de grana me impeliam a ficar em casa apenas jogando video game, mas para minha surpresa me encontrei horas mais tarde ao lado de uma caixa de cerveja cheia de cascos vazios, completamente bêbado e com um sorriso bobo na cara por ter a certeza que mulher pode ser um bicho bem dissimulado e sacana...

Não gosto de me meter no que é dos outros, mas as vezes é dificil evitar e ainda mais quando vc tem a chance de provar que um simples comentário na beira da Fco Sá, em alguns casos, é a mais pura sabedoria.
|

quinta-feira, maio 28, 2009

O que mais posso dizer?

A insatisfação incita a ira que borbulha por dentro e que me deixa louco como um bomba ambulante, turvando minha visão e me deixando pronto pra explodir em cima de quem tiver o azar de se aproximar, não importando o quão próximo ou distante a pessoa seja, não importa, o que realmente importa não são as coisas que transitam pela minha caótica cabeça, mas sim o que está por trás disso, empurrando, empurrando e sempre empurrando pro lado que não quero ir, não, não mesmo e junto com isso vêm vindo todas as minunciosas análises de tudo que acontece, cada palavra dita ou ouvida ou lida ou inferida ou escrita e todas essas merdas se tornam um mar revolto de conclusões arrasadoras, que me afogam em minha própria paranóia/angústia/ansiedade/realidade criada ou simplesmente constatada e me deixam sem saco pra nada, nada mesmo, trabalho, sentimentos, drogas e até pra aquilo que eu realmente quero e preferia, oh puta merda, com eu preferia não preferir isso e sim qualquer outra coisa, qualquer coisa que fosse outra e sim, começo achar que devia seguir fielmente o conselho da argentina que conheci e entrar de cabeça na dieta da cerveja e do tabaco, pra agradar pelo menos uma parte da minha alma estraçalhada e deixar que se foda todo o resto, afinal o resto já não está mais onde eu queria que estivesse, e sei que o que vem por ai não está no meu campo de visão e apesar de ansioso por isso não quero realmente nenhuma mudança, oh porra, não, eu gosto delas e sempre anseio por elas e tudo mais mas às vezes a frequência e a intenisdade que sinto que não as quero é por demais forte pra ser ignorada e acho que já encontrei o buraco onde que quero me esconder da vida pelo resto dela e não admito que ele seja tapado assim, diante dos meus olhos e com ajuda deliberada e por vezes isso desperta um desespero pegajoso e melancólico que me trás até aqui numa vã tentativa de aliviá-lo.
|

quarta-feira, maio 27, 2009

Cansado

Sentia que podia parar de correr. Exato, logo ali, naquele canto. Era como se toda a necessidade de manter em movimento se desmanchasse suavemente, como uma pele velha sendo trocada.

O problema era que provavelmente o carrasco devia estar em algum lugar atrás nos túneis, bufando de raiva e pronto pra estraçalhar um bode com os dentes.

Retirar sua vestimenta era um alívio. Sentiu isso quanto foi arremessado naquele calabouço. Quando outra vez a vestira para batalha, sentiu seu real peso. Mas dessa vez a retirar por desistir de lutar, de se mover, de tentar, era bem mais prazeroso.

Agora sim podia ficar numa boa.
|

terça-feira, maio 26, 2009

Ardor.

- E ae ,rapaz, vai desistir agora, né? - era o que saia da boca do gorducho que com prazer balançava o maçarico de um jeito que seria amistoso, se aquilo não fosse um maçarico. O cara não respondia nada. Amarrado na cadeira não sentia muita vontade de falar.

- Ô, se é assim que continuearemos, é assim que vou a forra!

Com a calma de um cirurgião mestre, moveu a mão para lado esquerdo e alcançou um fino bastão de ferro pontudo. Com o maçarico, fez a cor vibrar pra um vermelho vivo, luminoso. E começou riscar, enfiar e brincar na pele dele. Enquanto aquele cheiro de queimado agradava suas narinas, o outro se contorcia em dor, gritando, gemendo e esperniando como um porco sendo açoitado.

- Uoou, essa foi boa, to ficando bom nisso. Se tivesse um espelho ia te mostar, uma belezinha, quase simétrico! - gargalhava. - E agora, vamos lá ou vou ter que acender outro?
Sua bunda dormente jé nem incomodava mais, o que sentia mesmo era estar ali. A dor proporcionada era intensa e pronfuda ao ponto de prender suas cordas vocais, impedindo qualquer grito.

- Olha rapaz, isso não vai longe. Você nem faz idéia o que vou usar de papel agora. – isso dito com olhos nos olhos e os olhos dele não pareciam mentir com frequência.
Na cadeira, apenas baixou o olhar encarando o chão ao redor dos seus pés, observando a poça de urina que agora ganhava tons rubros e tentou imaginar onde doeria. Não demorou mais do o que o necessário pra concluir seu pensando e descobriu. Realmente falava a verdade, nunca havia expereciando dor tão intensa como aquela, sim, sim, aquilo ampliou seus horizontes de percepeção. Não ouvia nem as risadas do gordo que o observava se contorcer, não havia nada no seu mundo além de dor, dor, dor.
Sentir sua baba descer pelos contos da boca lhe trouxe de volta com uma espécie de alívio.

- Bem rapaz, tivemos uma ótima amostra do que pode vir pela frente. Devemos continuar?
Continuava a achar aquilo irreal. Apesar de ver, sentir, cheirar aquilo tudo, se recusava a acreditar, that wasn't happening; simplesmente não parecia parte do script, ou algo do tipo. A dor estava lá, latejante e sempre presente. Era tudo.

- Não vale a pena, você sabe disso. Dói demais! - disse com toda a ternura que sua figura grotesca permitia - Essa não é a primeira vez que nos encontramos, você sabe o que fazer. É só deixar sair entende? Desitir, ir em frente, tentar de novo. - Se afastou um pouco, dando as costa pra cadeira e com a mão livre coçou a cabeça como se ponderasse algo - Por que você não deixa isso pra lá? Sabe que não vale a pena resistir tanto, sabe que dor vai tomar conta de tudo e no fim, não vai restar nada a não ser a lembrança de o quanto isso doeu.

Sentado na cadeira, apenas abaixou a cabeça esperando pela próxima pontada.
|

domingo, maio 24, 2009

Preferia.

Preferia ter todos os dedos
esmagados à marretadas
as unhas arrancadas à dentadas
e os dentes, à bofetadas

Preferia ter os olhos arrancados
a pele queimada
o saco triturado
e o pau esfolado


Preferia qualquer merda a essa falta.
|

sábado, maio 23, 2009

Edgar Borges e o Dildo Prateado - parte 2.

Toquei o carro em direção ao Ultra-senior Resort com a esperança de pegá-los pelo menos na saída. Não era bem do que eu precisava. Já tinha fotos de sobra dos dois em entradas/saídas de motéis o suficiente para abrir um catálogo publicitário do ramo. Já tinha mostrado todas pro velho, que disse que so se contentaria com fotos deles trepando. E nus. Eu disse que os flagrei certa vez em um beco, em plena luz do dia? Pois é, o velho não gostou, disse que tinha muita roupa e queria que todas a vissem completamente nua. Perguntei a razão desse detalhe e, relutante, ele me explicou. Disse que ela nunca o havia deixado vê-la nua. Ela se dizia por demais tímida e que gostava demais dele e por isso, tinha medo que ele descobrisse na sua nudez a razão que o levaria a deixá-la.Por incrível que pareça, isso foi engolido pelo velho e ele nunca viu ela realmente peladona.

Bem, continuei dirigindo até o hotel. Dei a volta, e vi o carro dele nos fundos. Parei dois quarteirões adiante e voltei rapidamente. Fui até a recepçao e pedi um quarto. Recebi a chave das mãos de um garoto desconfiado e acostumado a deixar escapar sorrizinhos maliciosos para clientes loiras de quadris avantajados e que me perguntou diversas vezes porque eu queria um quarto se estava sozinho. Acabei dizendo a ele que carregava minha companhia na maleta e que com ajuda de uma bomba de encher, ela ficaria pronta pra mim. Ele sorriu. Não entendi bem aquele sorriso, mas senti o estranho cheiro de borracha úmida que preecnhia o ar e que brotava de debaixo do balcão.

Subi o lance de escadas que se dividia em dois e escolhi o lado direito como início da procura. Era um daqueles prédios velhos que possuem uma escadaria que começava no saguão principal e que se dividia para as duas alas do prédio. Conhecia bem aquele local, era apenas um longo corredor que a principio se dividia em dois no inicio da escada, faziam uma leve curva e se encontravam no ponto oposto ao início da escada. Como um círculo. No corredor ficavam os quartos e não seria dificil achar eles. Aquela garota gritava como um porco sendo açoitado quando estava se divertindo com ele. Não sei bem qual era a deles, só sei que o negócio parecia ser quente.

Continuei a procura pensando no cheque que receberia no fim disso tudo, novos cinzeiros e novas garrafas vazias dentro de alguns dias, um pouco de karatê boliviano so pra relembrar e pronto; duas, quem sabe três semanas numa boa e de repente vejo o brilho que saía pela fresta de uma das portas. Acho que doce algum me faria ver um brilho tão intenso. Então vieram os gritos. Eram gemidos que realmente não pareciam humanos e realmente chegavam aa assustar. Era um tom animalesco, com pinceladas guturais aqui e ali. Imaginei o que se passava lá dentro e não tive dúvida, eram eles.

Preparei a velha máquina e tomei posição para uma entrada de efeito com direto a chute na porta e tudo mais, mesmo duvidando que tivesse força pra botar aquilo abaixo. Dois passos para trás, um impulso e um belo chute com a sola do pé. Cai de costas no chão. Porra, aquilo era pesado. Quando me tentava me levantar, aporta voou em minha direção, quase me me dando uma boa cacetada; em seguida o brilho tomou conta do corredor. Não conseguia ver nada.
Fim da parte 2.
|

sexta-feira, maio 22, 2009

Sextombeira.

Cervas com o barkoquebas
antigos caminhos pra se chegar em casa

acho que cervejas e o Benfica
não é uma combinação apropriada.



é melhor segurar a onda e não fazer nada.
|

quarta-feira, maio 20, 2009

A coisa.

Não sabia bem por que ainda criava aquela coisa. Comeaça a feder, se tornava cada vez mais peluda e asquerosa. Sua presença se tornara incômoda ao longo do tempo, a aparência não já não atraía mais. E como fedia, oh, puta merda, era demais. Aquala jaulinha no canto do seu mais íntimo cômodo exalava sua presença por metros a fio, atravessando cimento, carne, controle e vontade.

Mas tal incomôdo era suportável, era apegado àquilo: não sabia se construíra isso e reafirmava com frequência ou se isso possuia vida independente, completamente desassociada de sua vontade. Não se importava, apenas mantinha aquilo lá. Por vezes achava que so a mantinha por vontade, por vezes queria se livrar e conseguir um mais novo, algo que trouxesse interesse ao seus dias: a velha atração acendida pela novidade. Era bom.

Tentou, mas não funcionou. Logo lembrou-se de todo o processo de envolvimento que se debruça pelo tempo, todos seus pequenos movimentos e direções eram programados, previsíveis e dolorosamente repetitivos. Claro, estava lá a novidade com suas expectativas e tudo mais, mas dentro do mesmo padrão minucioasamente analisado em experiências anteriores.

Já tinha criado um antes. Esse segundo apenas reafirmava a repetição das coisas.

Então, resignava-se a continuar assim. E o deixava lá, triste e sujo, com um leve relance da magnificência que um dia tivera.
|

segunda-feira, maio 18, 2009

De volta.

Sim, sim estamos ai de volta, depois de longos três anos, longos e cheios de maravilhosas lembranças que infelizmente, como todas as outras, serão apenas mais lembranças e estou aqui, em mais uma louca tentativa de brincar com as palavras e tentar aliviar o que se remexe por dentro. Pensando nisso, lembro de uns versos toscos:

A alegria insana das drogas A pulsante vontade de curtir
A demente necessidade de suprir
A dolorosa latência de existir

Não sei quando caguei isso, acho umas semanas atrás quando finalmente voltei à noite, às bebedeiras e tudo mais, mesmo estando pesadamente cansado disso.

Mas fazer o quê, hein? se isso que me resta agora, vou aproveitar como nunca.
|