Para aqueles que superestimam seu valor nos outros.
Quem sabe poderia dizer que estava seco, bem seco mesmo como se não houvesse nada, sem nenhum conteúdo. De repente, tudo mudou. Não por causa das pessoas que o acompanhavam, e é melhor dizer que elas logo se super estimam na vida alheia, na vida dele. Ele apenas ri por dentro, com ele mesmo, sem mais a necessidade de fazer essas mesmas pessoas entederem isso. Agora, ele apenas ri. Abriu a velha bolsa de couro desbotado, tirou um cigarro e olhou pra ver que restava.
Uma garrafa d'água, um lenço e uma chave de fenda. Bebeu um gole d'água, e olhou pra aquele rosto mais uma vez. Já tinha olhando tanto praquele rosto que já reconhecia seus próprios traços nele. Segurou a pela nuca e foi cravando devagar a chave de fenda pelo canto do olho direto, sempre adentro.Sentiu algo mole se dissolver, como um pequeno saco de carne com algo mole dentro, uma espécie de liquido viscoso que se espalhava ao toque do metal.
Sentiu vontade de parar, não por causa do sangue que espirrava na sua cara, não por causa daqueles gritos que ninguém podia ouvir. Não eram bem gritos, pareciam mais gemidos, uma lamúria. A lingua havia sido retirada juntamente com uma boa parte dos dentes e os poucos que restavam se confundiam com aquela massa inchada que era chamada de gengiva. Sentiu vontade de parar para fumar o cigarro que estava na sua orelha.
Enfim, parou. Largou aquele corpo ensaguentado e ofegante no chão, onde caiu como um simples saco de carne. Levantou-se, acendeu o cigarro, deu um trago e o arremesou longe - era um daqueles falsificados que tem gosto de merda. Foi até a janela, olhou pra fora como se procurasse pelas razões daquilo tudo. Não viu porra nenhuma. Percebeu que estava cansado. 6 horas seguidas torturando e esfolando corpos... que merda, "vou embora" pensou.
Pegou a marreta no canto da sala, e com um simples golpe esmagou a cabeça do garotinho mais novo. O corpo da criança se dabateu um pouco, e enfim parou. Ficou por um segundo observando o sangue se espalhar pelo chão da sala até chegar aos seus pés. Era quente, mas não o fazia sentir nada.Atravessou a poça de sangue e olhou praquela pobre garota no chão que olhava aterrorizada, em verdadeiro estado de choque, para o corpo do seu irmão estendido a poucos metros do seu. A cabeça dele foi reduzida a uma massa ensanguentada, sabia que o seu destino era parecido. Tentou gritar, mas não tinha mais forças, sua boca se resumia a carnes inchadas e doloridas. Fez força, se debateu o máximo possível, tentou se mover, mas isso é extramente difícil quando você tem suas mão atadas para trás, junto com os pés.
Ele, frio desde o início, levantou a marreta e a deixou cair sobre o joelho da garota. Ouviu um barulho estranho, seco, e então observou ela gemer de dor. Não olhava mais com volúpia para aquelas pernas que ele sempre achou lindas. Era apenas carne e mais nada. Bateu novamente no mesmo joelho, a garota se contorcia de dor, ele não sentia nada. A garota apenas tremia, gemia de dor como um simples animal agonizante. Ele não sentia prazer nisso. Não sentia nada, nada mesmo.
Resolveu acabar com aquilo e ligou a furadeira. Abaixou-se, encostou a ponta da broca na testa da garota. Apertou o botão e deixou peso de sua mão agir sobre a furadeira . De início, houve um pouco de resistência, até o osso da fronte ser perfurado. Depois foi fácil, fácil.
Levantou- se, calçou seus sapatos comos pés sujos de sangue e olhou ao redor. Nada fazia sentido. Tirou as luvas, o avental, jogou dentro de um balde de metal e ateou fogo. Pegou o celular e discou o número de casa, chamou duas vezes e sua esposa atendeu.
-Querida? como estão as crianças? - Estava sempre preocupado com seus filhos. Tinha medo que a violência do mundo se abatesse sobre eles.
- Estão bem, brincando no jardim. Você demora muito?
- Não, não, dentro de alguns minutos estarei em casa. E hoje eu preparo o jantar.
Deixou o quarto que fedia, um cheiro de sangue podre preenchia o local. Saiu do quarto, caminhou para fora da casa e entrou no carro. Ainda parou por um segundo, tendo certeza que algumas pessoas não lhe despertavam nada. Nem mesmo enaquanto sua carne é mutilada.