Então mergulhamos em um papo convulsivo e constante no meio daquela barulheira de intrumentos e pessoas e tudo mais, deixando a bebida ir goela abaixo temperando nossas percepções e intensificando aquele papo louco e intenso, gritando palavras ao ouvido um do outro enquanto sutis toques de pele tomavam lugar ao se aproximar para falar e criavam uma tensão que se tornava pouco a pouco mais presente e eu me confundindo com tudo aquilo sem saber o que realmente rolava mas nenhum pouco preocupado com o desfecho, estava tudo perfeito, a sensação estava lá e isso era o que importava e a tentativa não dita de prolongar isso era evidente e seus lábios me deixavam cada vez mais curioso pela sua textura e pelas palavras que por eles passavam e eu ia indo, um louco de velas içadas ao favor do vento, sim, sim, iámos juntos e bebendo e bebendo e vendo os outros pirarem ao nosso redor enquanto que por baixo da mesa suas pernas entrelaçavam as minhas e me conduziam ao velho caminho e isso ainda não era suficiente, foi mecessário ver o sol nascer debaixo de um viaduto com inúmeras garrafas pela mesa e velhos amigos ao redor já dormindo ou apenas rindo enquanto ela me dizia que aquilo - um simples roçar de pele dos nossos braços - era muito melhor que qualquer amasso bêbado e eu concordando plenamente pois isso era exatamente isso que se passava pela minha cabeça naquele momento que se prolongou até a manhã seguinte, um segundo nascer de sol na beira daquele mar lindo ainda que sujo e até ali, agora, penso que sim, oh, sim mesmo, é a imprevisibilidade da vida o que mais me fascina.